Mulher-Maravilha é o filme que a DC precisava
O universo cinematográfico da DC não estava andando em boas pernas. Após apenas uma parte dos fãs ter realmente gostado de “Homem de Aço”, “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” e “Esquadrão Suicida”, a crítica não deixou barato, registrando notas de cunho negativo e culminando em desastres em sites de média como o Metacritic. Algo precisava ser feito e assim, “Mulher-Maravilha” vinha com uma responsabilidade gigantesca: a de levar todos realmente acreditar nesse universo. E ele faz isso. Com perfeição.
O filme conta a história de Diana, uma mulher que nasceu na Ilha Tesmiscira, feita por Zeus para ser habitada apenas pelas princesas amazonas. Certo dia, um avião cai nas proximidades trazendo nele Steve Trevor, um combatente de guerra inglês que estava fugindo de oficiais alemães no meio de uma batalha. Sendo assim, ela descobre que a partir dele poderá acabar com todas as lutas entre os humanos, mas deverá ir até o mundo do patriarcado, onde a 1ª guerra mundial acontece.
É preciso logo de início destacar o papel de Patty Jenkins aqui. A diretora, que ficou conhecida por “Monster – Desejo Assassino” (2003), sabe muito bem como trabalhar todo esse universo, além de o que fazer com a câmera quando a personagem principal está em tela. O destaque dado para Diana é incrível, com planos extremamente abertos, para mostrar um pouco da sua força perante toda aquela batalha. Além disso, as cenas de batalhas são um destaque a parte. Três compõe todo o longa, com um destaque para as duas primeiras, que são incríveis e extremamente enérgicas e vibrantes. Todas se impulsionam pelo tema da protagonista, criado por Hans Zimmer, que é totalmente marcante.
O roteiro é escrito por Allan Heinberg e funciona extremamente bem como uma história introdutória. As mais de duas horas são muito bem realizadas e buscam muito bem contar todo o desenvolvimento de Diana até se tornar a Mulher-Maravilha. É mostrado desde sua infância até ela realmente vestir a roupa e isso tudo gera uma expectativa no telespectador, que se atende muito bem. Os diálogos estão todos extremamente bem colocados e alguns até um pouco ácidos, junto com as piadas extremamente engraçadas, muitas focando na questão do tratamento da mulher no início do século XX. O único problema de toda a obra talvez esteja exatamente aqui. As motivações do vilão são extremamente bem trabalhadas, o problema é que são mostradas muito pouco. Um maior tempo de tela e linha de roteiro para elas seria mais necessário.
Em relação as atuações, todas estão extremamente bem, mas nenhum grande destaque positivo pode ser visto. Gal Gadot está cada vez mais á vontade no papel, além de ser extremamente carismática nele, mas o grande problema é justamente suas habilidades como atriz. Mesmo assim, não atrapalha em nada a grande protagonista. Chris Pine também possui um papel muito importante aqui de quase tutor de Diana no mundo homens, e ele consegue cumprir com muita perfeição. A química dos dois é incrível e uma das coisas mais interessantes é que seu espaço de tela não supera em nenhum momento o destaque que Prince terá.
Sobre o resto dos aspectos técnicos, todos estão excelentemente bem trabalhados, destaque gigantesco para a incrível fotografia de Matthew Jensen, que realiza o grande contraste em sua palheta de cores do uniforme da personagem principal, com o resto do cenário sujo da guerra, dando a ideia dela estar levando luz a todos ali.
Todo o senso de fotografia e direção certamente salvam o que as negatividades ofuscam no longa. Ambientação certa, ação e presença são focos importantíssimos pra que um filme funcione. Trabalhando muito bem isso, mostra como uma equipe cinematográfica inspirada e competente fazem falta em um universo dos quadrinhos, mas que “Mulher-Maravilha” demonstra como trabalhar isso de uma forma incrível.