Crítica: Han Solo – Uma História Star Wars

Desde seu lançamento em 1977 até hoje, Star Wars deixou de ser um fenômeno de bilheteria para se tornar uma lenda da cultura pop. Com personagens, cenas e falas icônicas, a saga deixou um legado inquestionável para o cinema. Portanto, é possível entender tanto a excitação quanto o temor dos fãs quando a Disney comprou a Lucasfilm em 2012 e anunciou novos filmes.

O Despertar da Força, o primeiro da nova leva de filmes, foi recebido de maneira calorosa pela crítica e pelo público. Um filme nostálgico e poderoso, que deixou os fãs animados para o que estaria por vir. No entanto, quando foi anunciado que o plano era lançar um filme da franquia por ano, sabíamos que eventualmente algo daria errado.

E deu.

Han Solo: Uma História Star Wars é um projeto ambicioso e muito temido. Trazer Han Solo, um dos personagens mais adorados da galáxia, para o centro de sua própria história e contar sua origem é uma jogada inteligente, mas perigosa.

Inicialmente, o projeto estava nas mãos da dupla por trás de Uma Aventura Lego, Tá Chovendo Hamburguer e Anjos da Lei: Phil Lord e Christopher Miller. Porém, o estúdio aparentemente não aprovou o resultado e chamou Ron Howard, de filmes como Apollo 13, Uma Mente Brilhante, Splash e O Código DaVinci, para regravações e finalização do filme. São diretores com identidades visuais e narrativas bem diferentes. O conturbado processo de produção do filme já deixou muita gente apreensiva, mas já que Rogue One também passou por refilmagens e entregou um dos melhores filmes da saga, ainda havia esperança.

(Esse trocadilho foi totalmente intencional.)

Algo que some dentro de uma hora de projeção de Han Solo.

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Na trama, conhecemos o jovem Han (Alden Ehrenreich), saindo de uma infância baseada em pequenos golpes, tornando-se um recruta do Império, após ter apostado alto demais em um truque que deu errado. Pouco depois, ele conhece os contrabandistas Tobias Beckett (Woody Harrelson) e Val (Thandie Newton) e é aí que Han inicia sua primeira grande aventura em um grande roubo, sem imaginar que o serviço pode ser muito mais perigoso do que ele imaginava.

Temos, então, um roubo espacial e seus desdobramentos e antecedências, que se estendem por longas 2h15min. Muita coisa acontece, mas são eventos apresentados de maneira tão rasa e rápida, que o público não tem tempo de se importar o suficiente com determinado personagem ou com as escolhas que ele deve tomar. É de se notar, no entanto, como as personagens femininas do filme são essenciais para seu funcionamento. Até pequenas participações, como a da robô L3, e uma pequena surpresa no ato final, elevam o nível da produção, ligando os eventos à linha temporal da saga de uma maneira inteligente e eficaz.

O elenco faz o melhor que pode com lhe é apresentado. Ehrenreich é um ator carismático e talentoso, mas não é fácil um lugar que Harrison Ford ocupou tão bem durante tanto tempo. Apesar de entregar um trabalho competente, o rapaz é facilmente ofuscado por seus colegas. Woody Harrelson está no automático, fazendo bem um personagem que já o vimos fazer antes. A aguardada performance de Donald Glover como Lando Calrissian é acertada, já que poucas pessoas no elenco possuem a mesma presença de tela como ele. No entanto, o personagem é mal aproveitado pelo roteiro, sequer dando uma chance para Glover realmente brilhar na pele do personagem. Nomes de peso como Paul Bettany e Thandie Newton mal nos dão o de sua graça, cumprindo seu propósito conforme o plot pede e nada além disso.

A direção de Ron Howard não é desastrosa, mas também não se destaca. Ela é automática e privada de qualquer personalidade, principalmente quando lembramos de Rian Johnson e seu trabalho primoroso em Os Últimos Jedi. Vemos na tela empolgantes cenas de fuga e de batalha, mas a fotografia densa e escura dificulta o efeito que essas sequências poderiam proporcionar. Aliás, a escuridão é algo predominante na produção. Só pode-se ver claramente o que está acontecendo na tela durante a sequência final.

Cinema pipoca pode não ter nenhuma outra pretensão além de divertir, mas algo que sempre esteve presente em todos os antecessores da saga especial é a alma. Talvez Kathleen Kennedy, comandante da Lucasfilm, não tenha ido muito na crista da onda de Phil Lord e Chris Miller, o que é uma pena. Certamente, veríamos um filme bem diferente caso a dupla tivesse liberdade criativa para finalizar o projeto como inicialmente planejado.

Portanto, ainda que apresente mais falhas do que acertos, Han Solo é ágil, divertido em certos momentos e nada memorável. Pode agradar ou decepcionar fãs fervorosos na mesma proporção, mas a primeira opção é mais provável já que há momentos e referências durante os quais é difícil conter um pequeno sorriso.

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