“Deadpool 2” é mais do mesmo

Quando chegou em 2016, o primeiro Deadpool tinha diversos fatores seu favor. O principal deles era a originalidade: através da quebra da quarta parede e do humor ácido, é difícil lembrar o quanto a trama do filme é totalmente boba e superficial. Mesmo assim, o sucesso comercial – com arrecadação de mais de US$ 800 milhões -, garantiu uma sequência que, como a própria cena pós-crédito do originário tinha, traria Cable para as telas.

Dois anos depois, Deadpool 2 chega sob a sombra do sucesso de Vingadores: Guerra Infinita. Ainda que possuam poucas semelhanças além do fator “super-heróis”, é inegável que essa janela de lançamento pode acabar não auxiliando no dinheiro que poderia vir. Ainda assim, o público que realmente gostou do primeiro estará nos cinemas no próximo fim de semana. E não verá nada de diferente.

O filme segue Wade Wilson precisando cumprir algumas promessas que fez, tendo que montar uma equipe especial para tal. Antes disso, o aguardado Cable chega do futuro com um plano de vingança e decidido a mudar o passado.

A mudança na direção é algo que afeta claramente o desenrolar da narrativa aqui. Tim Miller (que trabalhou em seu primeiro projeto como diretor na época) saiu para a chegada de David Leitch (que comandou De Volta ao Jogo e Atômica). Essa é uma questão primordial, já que o novo comandante sabe trabalhar de maneira bem mais clara a linha tênue entre comédia e ação. As cenas de luta são instrumentos narrativos importantes, mesmo sendo realizados menos criativamente que o primeiro. No entanto, essas interessantes cenas de ação são interpeladas por sequências dramáticas que não tocam o público de forma alguma. Isso resulta em uma balança totalmente desequilibrada, na qual não existe uma tensão verdadeira e quem assiste sabe que o lado da diversão irá “passar por cima de tudo”.

O roteiro é falho e lembra mais uma série de sketches. Por outro lado, a maioria das piadas funcionam, exceto por aquelas mais infantis e umas até um pouco ofensivas. As referências à cultura pop acabam sendo o ponto alto desses momentos, com destaque para a cena pós-crédito, facilmente uma das melhores do cinema.

Nas atuações, os destaques são Ryan Reynolds – que incorpora, mais uma vez, perfeitamente o protagonista -, Josh Brolin, mesmo com seu pouquíssimo desenvolvimento e tempo de tela, e Zazie Beetz, que é a melhor adição da sequência: Domino. Esses três ofuscam a tela quando aparecem, ainda mais por dividirem a cena com outros personagens extremamente mal desenvolvidos e trabalhados.

Apesar de possuir mais falhas do que acertos, Deadpool 2 ainda consegue divertir o público quando quer. Irá agradar quem gostou do primeiro, já que não apresentou muitas mudanças do formato apresentado nele. Possui bons momentos, que são ofuscados por algumas perdas de foco muito grandes e subtramas desnecessárias. Vai valer para quem quiser assistir, mas não pense que essa franquia irá para caminhos diferentes, pois o anti-herói achou sua fórmula ideal e não vai mudá-la tão cedo.

6.0
  • 6/10
    Deadpool 2 - 6.0/10
6/10

Resumo

É isso aí…

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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