Porque você deveria ler Pedra Rara, da Capa Comics

Admito que quadrinhos independentes nacionais é algo que realmente me fascina. Observar como alguém, sem quase nenhum recurso financeiro, cria histórias únicas e diferentes do padrão estabelecido em HQ’s de super-heróis. Sendo assim, “Pedra Rara”, da Capa Comics, é um desses exemplos. Uma linha narrativa não-sequencial, tramas que envolvem uma fantasia cotidiana e um senso de realismo fora da nossa realidade, algo que eu realmente não lembro de ter visto em alguma coisa na nona arte.

Nessa obra se possui diversas narrativas em uma só. São quase como se fossem contos em cima desse universo da Pedra Rara – algo que o autor João Carpalhau diz ser uma comunidade periférica. Mesmo que inicialmente isso aparente ser bem claro, aos poucos nosso senso de mundo palpável vai desaparecendo devido a acontecimentos que é melhor não serem relatados aqui. A pergunta que fica ao final é: aonde realmente estamos? Será que é uma favela ou será na nossa cabeça?

Tudo acontece embalado pelo som de saxofone da personagem Olinda, praticamente protagonista aqui – ou o mais próximo que possa parecer. Ela possui uma conversa constante com seu monstro interior, no qual diz que cada possui o mesmo. Não o mesmo monstro, mas seus próprios monstros. Dessa maneira, pode-se realizar que a trama lida se trata sobre nós mesmo, o que no final das contas acaba por ser. Mas, se pararmos para pensar bem, qual história do mundo não fala sobre quem somos? E o por que estamos aqui? Afinal, a arte não entrega respostas e sim mais dúvidas e questionamentos.

Dirigindo-se diretamente a pergunta que da título a esse texto, essa HQ merece ser lida pelo seu senso de originalidade. Obras únicas não são criadas todos os dias, ainda mais nacionalmente, aonde a produção não possui tanta condição financeira. Leia e aprecie a arte de cada um desses artistas, que transformam o simples prazer numa leitura de quadrinhos em algo muito, mas muito maior.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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