Primeiras Impressões: Castle Rock
Stephen King com certeza não imaginou o impacto que teria sobre a cultura pop quando seu primeiro livro, Carrie, foi lançado em meados dos anos 1970. Com um universo que apresenta de jovens telecinéticas vingativas, passando por cachorros assassinos, carros possuídos e diversos outros elementos e personagens icônicos, o conjunto da obra de King tornou-se uma das maiores referências na cultura de entretenimento norte-americana.
Portanto, até que demorou bastante tempo para que alguém tivesse a ideia de juntar os diversos cenários e personagens do escritor em um projeto só. Castle Rock, criada pela dupla Sam Shaw e Dustin Thomason e produzida por J.J. Abrams, estreou no Hulu no dia 25 de julho. O seriado fala sobre a cidade que lhe dá o nome, que fica no Estado do Maine (onde mais ficaria?), e sobre os mistérios que cercam seu passado e dos cidadãos que a habitam.
Somos apresentados à Penitenciária Estadual Shawshank (sim, a mesma de Um Sonho de Liberdade). O antigo diretor se suicidiou em circunstâncias misteriosas e cabe à nova diretora da penitenciária tomar as rédeas do lugar com sua ausência e os problemas que ele deixou para trás, quando descobrem, em uma ala abandonada da prisão, um jovem preso em uma gaiola. Paralelamente, conhecemos o advogado Henry Deaver, que é obrigado a voltar para sua cidade natal, Castle Rock, após uma ligação anônima da prisão.
Em primeira instância, o clima seco e a narrativa não linear podem confundir o espectador ou até mesmo entediá-lo. Não há nenhuma pressa para apresentar a história ou seus personagens, e as tramas paralelas à principal e os diversos flashbacks não contribuem para uma boa compreensão do enredo. O piloto termina de maneira sugestiva, após a primeira sequência realmente tensa do episódio.
Tudo isso muda, ainda que não de maneira abrupta, nos capítulos seguintes. Continuando a história apresentada no piloto e desenvolvendo-a de maneira coerente, não demora muito para que você se envolva nos mistérios de Castle Rock. De maneira eficiente, ainda que subjetiva, o espectador conhece o passado e o presente dos habitantes da cidade, contribuindo para a construção não só de uma tensão latente, mas também da mitologia que o seriado quer explorar. Primeiro, somos jogados em uma atmosfera, para que ela seja logo depois justificada.
A direção contribui para o clima desejado, com enquadramentos precisos, focando principalmente nos personagens em cena, mas sem esquecer o cenário ao redor – que é tão personagem quanto os outros. O elenco, um dos maiores destaques envolvendo a estreia, não fica para trás. Andre Holland (Moonlight e Selma) dá vida ao advogado Henry Deaver, que junto com o Estranho sem nome de Bill Skarsgård, são as principais âncoras da história. Há também o ex-xerife Alan Pangborn, interpretado por Scott Glenn, e Sissy Spacek dando vida à mãe adotiva de Henry, em uma participação, até agora, rápida mas marcante. Molly, interpretada pela talentosa Melanie Lynskey e a Jackie de Jane Levy ganham mais destaque no terceiro episódio, que conta com bons sustos em seus momentos finais.
Portanto, apesar de um início um pouco apressado, Castle Rock se mostra uma das estreias mais promissoras da temporada de verão, com bons personagens, uma boa trama de mistério e excelentes sequências de suspense. Resta saber se a melhora vista até aqui vai aumentar gradativamente até o fim da temporada ou se o Rei do Horror contará com mais uma tentativa sem sucesso de adaptação em seu currículo.