Resenha: The 1975 – A Brief Inquiry Into Online Relationships
Lançado no final de 2018, A Brief Inquiry Into Online Relationships é o terceiro álbum da banda inglesa The 1975. Este é, sem dúvidas, o CD mais pop já feito por eles e isso pode causar um estranhamento e até desagradar aos ouvintes mais antigos da banda. Porém, é uma demonstração clara de um certo amadurecimento e diferenciação na qual o grupo busca passar.
“Give Yourself A Try”, uma das primeiras faixas, soa curiosamente como um pedido da banda para que o público dê uma chance e se abra as mudanças que virão na sequência. O Pop sempre foi um dos elementos presentes nos trabalhos do The 1975 e é parte fundamental de sua identidade musical que não se resume a só um ou dois gêneros juntos. Existe uma formalização de ideias sempre perdida, mas com um certo sentido interno.
O diferencial deste quarteto inglês sempre foi conseguir mesclar vários estilos, como o Jazz, Blues, Rock, Pop e Eletrônico, para criar o seu próprio. Toda essa mistura acaba fazendo com que eles tragam essa junção do clássico e contemporâneo. Pode soar um tanto quanto ridículo falar isso, todavia é uma forma de apresentação das canções para gerar sempre esse efeitos aos ouvidos.
É notável a evolução sonora do grupo, que em seu primeiro CD (The 1975) possuía vários estilos musicais, com o Rock Alternativo sendo predominante. Já no segundo álbum (I Like When You Sleep, For You Are So Beautiful Yet So Unaware Of It) já havia um equilíbrio maior entre o lado mais famoso e essa vibe underground – sem deixar de lado outros elementos.
As novas composições do vocalista Matty Healy continuam num alto grau de excelência e abordam principalmente temas essencialmente atuais. Dentre eles estão a pós-modernidade, consumismo, a geração millenium e drogas. Este é um álbum conceitual aonde se arrisca muito em faixas incomuns como “How To Draw/Petrichor”, na qual possui poucos vocais e muitos mais elementos de música eletrônica. A música “The Man Who Married A Robot” é, na verdade, um texto narrado que crítica a sociedade obcecada pelo cotidiano nas redes sociais, mas desinteressada no mundano fora das telas. “Sincerity Is Scary” possui a pegada jazzística tão característica da banda, com um saxofone e trompetes marcantes. Apesar das letras terem um conceito mais crítico e ácido, sobram ainda também espaços para músicas românticas no violão como “Be My Mistake”.
Apesar de algumas experimentações questionáveis, principalmente a guitarra em looping de “Give Yourself A Try” e a estranheza de “How to Draw/Petrichor”, no final das contas, o conjunto da obra acaba tendo um saldo muito positivo e ABIIOR é um disco do The 1975 que vale a pena ser ouvido. Existe uma carga de novidade necessária não apenas aos intregantes, mas ao gênero alternativo em geral. Parece, de certa forma, ser algo bastante representativo de uma morte. Porém, que irá criar vida.