Crítica – Até a Morte: Sobreviver é a Melhor Vingança
Megan Fox já foi considerada uma grande estrela em ascensão. De fato, acabou realmente ascendendo ao estrelado, mas nunca como atriz. Mais no mundo das celebridades, além das capas de revistas de moda, ou até mesmo pela internet. Entretanto, em uma carreira na atuação muito marcada como sex simbol, ela foi sumindo aos poucos da fama. Passou de ser importante na saga Transformers e na sua icônia interpretação em Garota Infernal, para aparição nos dois novos longas das Tartarugas Ninjas. Parecia que as coisas iam de mal a pior. No entanto, como uma grande surpresa, Fox aparece de volta em uma produção de gênero. No caso, Até a Morte: Sobreviver é a Melhor Vingança.
Aqui, ela interpreta Emma, uma mulher com um casamento ruim e cheio de problemas. Em uma surpresa para o aniversário de dez anos juntos, o marido Mark (Eoin Macken) a leva para uma casa isolada na beira de um lago. O que parecia romântico, entretanto, vira tragédia. Em uma manhã, ele dá um tiro na própria cabeça, preso junto dela. Confusa e cheia do sangue do marido, ela começa a tentar entender o que teria acontecido. E as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas com a aparição de invasores na casa.
Até a Morte: Sobreviver é a Melhor Vingança é um filme que vai atrás de desenvolver a narrativa por uma crescente tensão. Aliás, a direção de S.K. Dale demora bastante tempo até realmente assumir esse mistério – e até horror – dentro dos acontecimentos. Em ao menos 40 minutos, pouco vemos disso sendo abertamente representado. O conceito primário parece ser trabalhar esse clima através de alguns pequenos flashbacks. Contudo, estamos falando de uma obra que quer abordar uma violência continua contra essa mulher. Desse jeito, toda a violência aparece quase premeditada através do olhar dela para todo lugar. Desde um pedido de casamento de outras pessoas, até mesmo olhando fotos em uma mesa.
Impressiona o fato da forma como o diretor busca um aspecto psicológico na construção da protagonista. Essa consciência e receio de que poderá sofrer alguma represália em qualquer momento, nunca a põe em uma condição de pura vítima – como ocorre em casos de longas de rape revenge. Emma é uma persona que tem noção do que pode sofrer. Por isso, a todo instante, vemos ela como alguém distante, pouco reconhecível, e até mesmo calada. A criação das características pela imagem reforçam como ela é uma figura menos do olhar pessoal, e bem mais observadora.
Mesmo com todo esse desenvolvimento dramático, o que leva a frente o filme é o embate da personagem principal com os invasores. Se a trama perpassa toda uma condição pessoal típica do horror, dentro da ação, há uma edificação pelo lado mais pueril da narrativa. Fica claro como Dale até tenta fugir de fazer uma produção extremamente pobre no seu principal momento (do gore, do sangue), contudo, ele nunca foge de uma quase beleza. A partir do momento em que toda a construção anterior poderia servir de algo, ela é escanteada. Desse jeito, toda forma um universo extremamente plástico – e não no sentido positivo, mas de descartável. Todo o peso parece servir para muito pouco.
Definitivamente, há questões interessantes na forma como o filme explora a própria temática. Apesar de vermos toda a produção sob o olhar de Emma (que, em certos instantes, até lembra Kate Siegel em Hush), o telespectador nunca consegue se conectar, pela frieza como ela viveu todos os anos do relacionamento. É essa mesma frieza presente na abordagem da direção de S.K. Dale. O maior problema de Até a Morte: Sobreviver é a Melhor Vingança é ser contrário quando quer trazer o horror e o suspense como algo mais frontal da história. Assim, ele nunca consegue desvencilhar essa distância estabelecidade com o público. Dessa maneira, nunca consegue sair do lugar.