Quando Joaquin Phoenix resolveu enganar a todos
Em 2008, Joaquin Phoenix lançava nos cinemas o filme Amantes, seu penúltimo trabalho em parceria com James Gray. Dali para frente, parecia que o atual astro de Coringa estava caminhando para fazer projetos de muito tempo em muito. Do nada, ele avisa que iria começar uma carreira de rapper, na qual demandaria muito tempo e por isso tinha decidido parar de atuar. Os fãs de cinema ficam empolvorosos naquela circunstância, por causa de Phoenix ser um dos atores mais aclamados da geração dos anos 2000. Essa tentativa da carreira musical começava a soar cada vez mais estranha pelo fato dele não ter nenhum talento com a primeira arte.
Para contar mais dessa história, na qual não passou de uma grande enganação pública, ele criou o falso documentário I’m Still Here ou, em português, Eu Ainda Estou Aqui. Esse título já coloca bastante da perspectica de Joaquin para toda essa situação. Mesmo que o humilhassem em jornais, revistas e na TV, ele continuava ali, presente na grande mídia. De certa forma, é possível até pensar nessa ideia do projeto fake como uma espécie de crítica na forma da imprensa trabalhar com os meios artísticos. O julgamento, como pode ser visto no ‘mockumentary’ (gênero de documentários falsos), é gigantesco e bem direto.
É interessante como o autor realmente criou um novo personagem. Apesar de não mudar propriamente seu nome na história, ele mudou suas características físicas, deixando até a barba crescer em um grande nível. Toda essa modificação foi feita e estudada através das lentes do seu grande amigo, Casey Affleck, o irmão de Ben Affleck. Ele busca um olhar meio satírico, meio irônico e bastante realistístico dessa transformação de Phoenix. O documentário parece bem próximo de uma realidade caso acontecesse isso. E, por sinal, sim. Casey é aquele mesmo na qual ganhou o Oscar de Melhor Ator por Manchester A Beira-Mar e tem em seu currículo acusações de assédio sexual.
Lançado em 2010, o filme chamou bastante a atenção pela trama ficar bastante ambígua. Joaquin só iria asusmir que a história era uma grande farsa logo depois de seu lançamento. Ele continuou mantendo o personagem em diversas aparições públicas para criar ainda mais uma noção de confusão nas pessoas. De qualquer forma, após anunciar a ‘fake news’, o ator já emendou um projeto logo em sua frente para fugir de quaisquer especulação: O Mestre, em conjunto com Paul Thomas Anderson. Saindo em 2012, esse longa tirou de vez todo o estigma proposto anteriormente pelo fato de Joaquin retomar as suas grandes atuações.
No fim das contas, esse dabte também acabou virando interessante. Não seria possível lembrar o americano para premiações, por ter interpretado uma outra pessoa? Além disso, essa teria sido uma atuação sua, ou apenas uma criação? O que é realmente atuação, verdade ou mentira? Em 1973, Orson Welles fez o documentário/filme dramático Verdades e Mentiras. Lá ele aborda isso mais afrontamente, colocando a discussão sobre tentar entender a construção das narrativas. Como elas criam algo verdadeiro ou mentiroso? O que é o cinema? Ele seria um ou outro?
I’m Still Here é uma tentativa até bastante experimental e diferente por parte de Joaquin Phoenix. Ele tentou realizar algo novo, e de fato fez. Brincando com essas questões narrativas, o ator revelação dos anos 2000 fez uma grande brincadeira de sua época, pena que esse fato acabou sendo esquecido. Hoje, realizando a interpretação de Coringa, Phoenix começa a trilhar caminhos para atingir um nível cada vez maior de pessoas no mundo inteiro. E, todos, precisam conhecer e reconhecer essa insana, cômica e deveras interessante história.