Crítica – Charli (Charli XCX)
Charli XCX já foi uma artista desconhecida e nichada, mas após seu sucesso com “Boom Clap”, “Fancy” e outros hits menores, ela ganhou força no mainstream (mesmo continuando nichada). E com essa força vem a cobrança de álbuns e uma carreira mais no “padrão”. Algo que ela não estava muito acostumada, considerando as mixtapes e as experimentações musicais. No entanto, aqui estamos com o Charli, o quarto trabalho de estúdio da cantora. É a realização de algo bem diferente.
Nos já conhecíamos o excelente hit “1999”, com Troye Sivan. É uma parceria que funciona tão bem, com um refrão cativante, um clipe divertido e não é de se exagerar quando vamos escutar o segundo featuring deles no álbum: “2099”. Quase como uma paródia da primeira parceria, essa vem como um banho de água fria. Não ser parecida com a outra poderia ser um mérito, no entanto só é desinteressante e você acaba se perguntando o por que não ser exatamente igual a “1999”. Bom ou ruim, não é possível perceber muita direção.
Logo depois de “1999”, saiu “Blame It On Your Love”, a versão extendida da Track 10, essa produzida em sua mixtape anterior. Charli trouxe Lizzo para ajudar e acertou em cheio. A cantora é a mais nova querida dos Estados Unidos e traz muita personalidade para a faixa, elevando o que já conheciamos para um nivel muito superior. Mais um feat excelente para o álbum. Assim como “Gone”, colaboração com a cantora francesa Christine and the Queens. É um pop tão bem feito, com o melhor refrão do album e a minha preferida.
Comecei a estranhar como receberia esse álbum quando ela lança “Cross You Out” com a desaparecida Sky Ferreira. É boa, mas não chegava no nível que “Gone” e “Blame It” estabeleceram. Assim como as outras decepções que vieram em seguida: “Warm”, a esperada coloboração com o HAIM, e “February 2017”, que conta com Clairo e Yaeji. No entanto não me deixei abalar por essas (e nem 2099). Eu confio na Charli, sei que ela vai me trazer algo bom.
E ela realmente traz. O resto do CD conta com mais algumas colaborações que são realmente muito boas. “Click”, com Kim Petras – na qual tem um verso incrível e bem impactante aqui -, e “Tommy Cash”, é uma faixa absurda, assim como “Shake It”, com “Big Freedia”, ”cupcakKe”, “Brooke Candy” e a nossa Pabllo Vittar. Eu queria tirar um minuto para agradecer o que Pabllo fez com essa música. Rainha realmente se escreve com dois L e dois T. Xis-Cê-Xis.
No entanto, os momentos que a artista mais brilha nesse trabalho é quando não conta com uma ajudinha de seus amigos. “White Mercedes” é um grande exemplo disso. É uma de suas melhores composições desses ultimos lançamentos. Na sequência dessa temos “Silver Cross”, “I Don’t Wanna Know” e “Official”. E que momento é esse! Todas as três são ótimas e provam o porque da Charli ser tão aclamada pela critica.
No final, é um saldo positivo. Eu gosto, mas esperava bem mais. Bom, mas como a música de abertura diz é “Next Level Charli”. Acredito que a decepção tenha vindo de ter criado muita expectativa. Talvez seria possível ou necessário para aqueles na qual gostam da cantora querer algo difernete.
Acredito que a experimentação não funcionou tão bem quanto funcionou na sua última mixtape – o Pop 2 – e acabou ficando cansativo e algumas vezes chato. Aqui ela se sai melhor nas músicas em que está sozinha, com os feats algumas vezes parecendo que estão ali só pelo nome dos artistas e não por acrescentarem algo essencial para as faixas. A produção é impecável, o que é normal para a artista.
Charli é um álbum que eu estava com muitas esperanças de ser um dos grandes desse não, na qual não foram correspondidas. No fim das contas, Charli XCX demonstra porque sabe bem tentar experimentar e sair da sua zona de conforto, mesmo nem sempre fazendo seu melhor. Pensando melhor, é algo no qual pode realmente crescer com o tempo e até em mim. Mas, se não, sempre serei grato por ter me trazido “Gone Shake It”.