A era Transfomers já deu bem mais do que tinha que dar

Estamos em 2017. Fazem 10 anos desde que a franquia Transfomers começou nas grandes telas de cinema pelo mundo, angariando absurdos de dinheiro para filmes cada vez mais fracos. A decadência de Michael Bay em sua carreira como diretor é claramente vista ao longo do tempo, mas chegou em um nível de brincar com a cara do telespectador. E isso é Transformers: O Último Cavaleiro.

O longa continua a partir de Transfomers: A Era da Extinção, mostrando os humanos em uma guerra cada vez mais sem fim com os Transfomers. Esses, precisando se esconder, contam com a ajuda de Cade Yeager, liderando uma resistência dentro de um ferro-velho. Nesse lugar, ele conhece Izabella, uma jovem que luta para proteger seu robô, ao mesmo tempo que para ter reconhecimento de Yeager. Além disso, Optimus Prime vai para seu planeta Cybertron, em busca de entender o porquê de sua destruição, mas, na terra, Megatron tenta se aproveitar dessa brecha e de uma aliança militar para tornar os Decpecticons soberanos novamente.

É preciso começar destacando os poucos lados positivos aqui. Em primeiro lugar, o elenco todo é recheado de ótimos atores, que conseguem tirar mais que o impossível disso tudo. Isabela Moner, Mark Wahlberg, Anthony Hopkins, Laura Haddock, dentre outros. Todos estão relativamente bem em seus personagens, mesmo que muitas vezes sem terem muito o que fazer em tela. Em segundo, a belíssima introdução. A primeira cena do filme é sensacional, mostrando uma batalha medieval de uma maneira extremamente brutal, além de ser uma excelente introdução para a ideia central do filme. O problema é que essa ideia é quase abandonada ao longo das 2h30, sendo lembrada bem perto do fim. Mas é apenas isso, nada mais se pode dizer de bom aqui.

Os erros gigantescos começam com o roteiro extremamente confuso e que parece não saber dividir a obra nos três atos. O longa começa em um clímax introdutório, mas depois que volta a calmaria e a explicação, ela parece não durar para um clímax acontecer novamente. É uma obra que tenta ser catártica a todo instante, só que isso se torna exaustivo, principalmente pelo fato dessa ação desenfreada ser, muitas vezes, sem sentido. Os diálogos são péssimos e se tornam cada vez mais banais, além de não fazerem sentido. Quando se relacionam ao personagem de Cade, isso vira cada vez mais comum – atrelando ao fato da sua relevância monumental dentro dessa história. Por fim, os personagens não têm profundidade nenhuma. Todos são aquilo que são. Desde esteriótipos do grande homem que irá salvar a todos, até da mulher indefesa que precisa casar, até do negro que teme em ser preso, do velho sábio e rico. Transformers consegue ser uma franquia bizarra até em seus mínimos detalhes.

A direção é outro ponto que não se salva aqui. Michael Bay parece buscar sempre o cada vez mais absurdo, o que faz esses filmes serem estranhos. Ele não consegue fazer sua câmera parar, além de não gerar um respiro para o público, que se cansa facilmente. Todos os planos não possuem significado, apenas o que está na tela. Ele parece não se utilizar dos recursos cinematográficos, para criar cinema.

Por fim, na parte técnica, pode-se falar que a computação gráfica funciona, mas essa possui a obrigação moral de ser perfeita para um orçamento de mais de US$200 milhões, entretanto, é quase um louvo perto do resto. A fotografia parece querer saturar tons e fazer uma mistura de cores que não dá certo em nada, além de fazer com que a confusão visual se torne maior. A trilha sonora também deve ser mal destacada. Ela sempre foi um dos pontos positivos da série, mas aqui foi praticamente esquecida para apenas alguns grandes estouros sem sentido. É tão absurdo o que fazem, que uma própria cena dentro do filme brinca com as trilhas.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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