Crítica – 100 Quilos de Estrelas
Gordofobia é um dos grandes temas atuais da humanidade. A questão estética do corpo, antes importante – lembrando até da grande relevância corporal na Grécia Antiga -, agora ganha novos contornos, para entender os diferentes possíveis corpos. Em um mundo pós-moderno, o antes “certo” e “comum”, pode se tornar apenas mais uma maneira de entender as diversas relações. Seja ela sobre gênero, amor e a relação com o corpo. Em 100 Quilos de Estrelas, nos deparamos com uma dessas histórias sobre a possibilidade de um mundo atual. Mundo esse que ainda possui os diversos empecilhos, porém está recheado de tentativas ao novo.
É nesse contexto que a vida da menina Loïs acontece. Ela, com 16 anos, tem o sonho de se tornar uma astronauta. Quando um homem da Nasa é chamado pelo seu professor em uma aula e ela fala sobre seu grande objetivo, esse desdenha pela sua condição física. Ela acaba indo para uma espécie de internato, após a tentativa de suicídio, na busca de melhorar sua condição psicológica. Lá, encontra outras meninas com diversos problemas, cada u tentando enfrentar suas próprias relações. Elas, assim, vão em busca de ajudar Lois a realizar seu grande sonho.
É complexa a maneira que a diretora Marie-Sophie Chambon filma cada acontecimento. A relação com os pais da protagonista, por exemplo, é sempre colocada em uma questão como nunca resolvida. Poucos são os diálogos, mas pouco também é deixado claro nesse sentido. Os personagens parecem sempre gerar um julgamento em cada nova cena, algo que cria uma expectativa sobre o que poderá acontecer. Além disso, os diversos momentos lúdicos colaboram em uma análise compelxa de mundo. Até que ponto aquela realidade pode mudar? Até qual ponto ela poderia ficar normal?
Assim, o longa ganha nas suas aleagorias discutindo sobre os diversos temas a sua volta, mas sempre tratando das dificuldades de sua personagem principal. Ela vê o seu redor com muitas complicações, algo demonstrado pelas lentes cada vez mais distantes, mais complexadas. Quando suas amizades ganham força, Lois também é atingida por esse sentimento, vendo toda a relação turva a sua volta ir saindo aos poucos. Nesse sentido, o que ganha poder é a forma que o mundo, antes confuso e bastante frio, ganha cores e possibilidades.
Nesse sentido, ao chegarmos próximo ao fim, vemos a busca por sonhos se mesclar com os sentimentos dos personagens. Lois, com seu peso cheio de impossibilidades dentro da vida de astronauta, ganha a chance de voar e fugir de tudo. Não necessariamente querer sair daquela realidade, mas buscar maneiras de conseguir o que quer. 100 Quilos de Estrelas tenta trazer isso para uma realidade do mundo atual. Marie-Sophie Chambon sabe como conduzir esses sentimentos, em uma história simples e comovente. É assim que o filme conquista os corações e traz seu debate.