As Panteras: Heroínas que atravessaram gerações

Nesta quinta-feira (14/11), estreia nos cinemas a nova adaptação de As Panteras. Dirigido por Elizabeth Banks e estrelado por Kristen Stewart, Ella Balinska, Naomi Scott, Sam Claflin e outros grandes nomes (além de uma participação da própria Banks) a nova versão chega às telonas cercadas de receio e expectativa. É a primeira vez que um produto sobre o famoso time de espiãs é comandado por uma mulher, além de trazer o retorno de Stewart para as grandes produções após um período estrelando dramas independentes. A grande pressão, no entanto, é para ocupar o lugar antes ocupado por Drew Barrymore, Cameron Diaz e Lucy Liu. Mesmo que a duologia estrelada pelo trio ternura e dirigida pelo polêmico McG não tenha sido um estrondoso sucesso financeiro ou crítico, acumulou uma geração de fãs ao longo dos anos, provavelmente graças às reprises na televisão. O que poucas pessoas lembram (ou, sinceramente, se importam) é que esse famoso trio não começou em 2000, no cinema. Mas sim em 1976, na televisão.

Aaron Spelling e a série original

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Antes de falar sobre o seriado em si, um nome precisa ser lembrado: Aaron Spelling. Caso você seja um aficionado por televisão ou cultura pop, provavelmente é familiarizado pelo menos com o sobrenome, ainda que não o ligue à pessoa. Produtor de cinema e televisão, através de sua produtora Spelling Company, o americano ainda mantém o recorde como o produtor e roteiristas mais bem sucedido na história da tevê americana, acumulando mais de 200 créditos como produtor e produtor executivo. Entre os títulos notórios em seu currículo, é possível citar as clássicas Dinastia, Casal 20 Barrados no Baile. Além disso, os sucessos noventistas Charmed Sétimo Céu. 

A ideia para a produção surgiu de Ivan Goff e Ben Roberts. Oriundos do cinema, a dupla passou a trabalhar no campo televisivo a partir do anos 1960. Buscando trazer uma nova série de investigação, o conceito inicial era uma união da série de espionagem britânica The Avengers com Honey West, a primeira série com uma detetive como protagonista. A primeira atriz a entrar na jogada foi Kate Jackson, que estava em alta por conta do seriado THE ROOKIES. Inicialmente, o conceito de Goff e Roberts traria três mulheres que ficariam de guarda em becos, combatendo o crime com correntes e chicotes. Jackson, abençoada pelo bom senso e pelo controle do desenvolvimento criativo da série, discordou. Foi a própria quem sugeriu que as protagonistas fossem chamadas de Angels após ver uma pintura de três querubins na parede do escritório de Spelling.

Cheryl Ladd foi uma das substitutas (e também uma das que saiu antes do previsto)

Foi então definido que a série seria sobre essas três agentes com um chefe milionário que as ajudaria em suas missões. Jackson e Spelling, porém, decidiram que seria mais interessante que a identidade do milionário permanecesse em segredo. E foi assim que nasceu a clássica caixinha de som que diz “Bom dia, panteras!”. Um piloto de 74 minutos estreou em março de 76, estrelando Jackson, Farrah Fawcett e Jaclyn Smith. Apesar de registrar bons números, a audiência não reagiu nada bem aos personagens Bosley e Scott Woodville. Os personagens eram assistentes das Panteras e organizadores de planos sugeridos pela equipe da emissora, que não acreditava que uma equipe de mulheres, que combatia o crime sem ajuda de homem nenhum, teria muita força na televisão. O piloto foi então reeditado, com a importância de Bosley sendo significativamente reduzida e excluindo o personagem de Woodville, agora com uma recepção bem mais favorável e mantendo os mesmos números.

A história falava sobre três mulheres que haviam acabado se formar na academia de polícia, mas estavam insatisfeitas com os trabalhos aos quais eram submetidas: trabalho de escritório, guarda de trânsito, entre outros. É quando elas são contratadas pelo milionário Charles Towsend (John Forsythe, que nunca compareceu ao set de filmagens para gravar suas falas) para trabalhar como detetives, quase sempre sendo obrigadas a usarem algo tipo de disfarce para cumprir a missão. Apesar de ser um sucesso e eternizar as atrizes principais, a série nunca foi levada a série pelo apelo sexual das moças, constantemente denominada de “jiggle TV”, termo que faz referência aos seios das atrizes. Sim. Isso aconteceu. Porém, isso nunca chegou a incomodar o elenco ou deixá-lo insatisfeito com os rumos da série.

Vale mencionar também que o time original só permaneceu por uma temporada, com Jaclyn Smith sendo a única a permanecer em todos os anos de duração da série.

Drew Barrymore e McG

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24 anos após a estreia do seriado, Drew Barrymore adquiria os direitos da franquia para uma possível adaptação cinematográfica. Além de estrelar, ela também estava na produção do filme, participando ativamente de decisões criativas. Por exemplo, foi dela a decisão de que, no filme, as panteras não usariam armas de fogo para os combates, já que Barrymore é uma ativista do controle de armamento nos Estados Unidos. Ela também concordou com o antagonista interpretado por Crispin Glover, o Thin Man, perdesse suas falas e se tornasse mudo. Muitos nomes foram considerados: a cantora Aaliyah, Julia Roberts, Milla Jovovich, Alyssa Milano, Salma Hayek, Lauryn Hill, Reese Witherspoon, Halle Berry e diversos (sério, são muitos) outros nomes. Outra dificuldade foi definir o tom do roteiro, já que ele passou na mão de mais trinta roteiristas e teve dezenas de versões diferentes. O que não faltou nos bastidores desse filme foi dificuldade: Lucy Liu e Bill Murray (que interpretou Bosley) publicamente admitiram suas brigas no set de filmagens, ao ponto de rolar até agressões físicas, e o diretor McG também alegou que Murray o agrediu, embora o ator de Os Caça-Fantasmas tenha negado veementemente esta acusação. Houveram também muitas reclamações sobre as falas: segundo o elenco, eram simplesmente ridículas demais.

Apesar de tudo isso, o filme foi um sucesso. O longa não só reapresentou as Panteras para aqueles que já s conheciam, mas marcou também uma nova geração, construindo mais um legado para a franquia. As principais críticas ressaltavam a falta de originalidade na história, mas salientavam a química e o talento do trio principal, os elementos cômicos (algo que não era presente no seriado, que era mais dramático) e os efeitos especiais. Foi o suficiente para que uma sequência fosse produzida. No segundo filme, tudo é maior. A história, as participações especiais, a cenas de ação e principalmente: os exageros. O tom quase satírico não agradou tanto nem aos críticos, e a bilheteria também não foi lá das melhores. Ainda assim, é possível dizer que as reprises televisivas ao redor do mundo deixaram essa versão das heroínas marcadas na cabeça de muita gente, que guarda todos os exageros, defeitos e acertos desta duologia com muita nostalgia e carinho na memória.

Segunda chance na televisão e a segunda chance no cinema

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As conversas sobre trazer as Panteras de volta às telinhas começaram em 2009. Alfred Gough e Miles Millar foram os escolhidos para comandar a nova versão, com piloto dirigido pelo realizador veterano Marcos Siega, que estreou em setembro de 2011. A primeira mudança que se destaca aqui é a ausência de John Forsythe como a voz de Charlie, sendo substituído por Victor Webster e trazendo Annie Ilonzeh, Minka Kelly e Rachael Taylor como as novas escolhidas. Na história, Kate, Eve e Abby são ex-criminosas que ganham uma chance de se redimir quando aceitam trabalhar como detetives para Charles Towsend. Apesar de grande entusiasmo da equipe, a ABC cancelou o seriado após a exibição do quarto episódio. Na época, o presidente da ABC Paul Lee disse: “Não conseguimos trazer essa franquia de volta à vida, mas foi uma boa tentativa.”

Após o fracasso considerável do segundo filme e da segunda tentativa na tevê, era pouco provável que as Panteras estariam de volta à mídia por algum tempo. Foi apenas em 2015 que a Sony Pictures anunciou que a franquia passaria por um reboot, com um novo longa dirigido por Elizabeth Banks, que gozava do sucesso de sua estreia na direção, A Escolha Perfeita 2. Quem retorna para a produção executiva é Drew Barrymore, dos filmes, e Leonard Goldberg, que produziu tudo que surgiu desde o seriado original. Vale lembrar também que a nova versão, assim como os filmes de McG, não serão um reboot ou reinício, mas sim uma continuação com novas agentes.

E aí, dá pra escolher uma versão favorita? Tá ansioso pro novo filme? Deixa aí nos comentários.

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