Clássica autora argentina Silvina Ocampo tem contos publicados pela primeira vez no Brasil
Lançado em 2013 pela então ainda viva editora Cosac Naify, Antologia da literatura fantástica reunía diversos contos de clássicos latino-americanos. Uma das presentes lá foi a argentina Silvina Ocampo, até então nunca publicada no Brasil. Ela, na qual viveu 90 anos (de 1903 até 93), transformou-se em um dos maores nomes da literatura de contos da Argentina. E isso não apenas pelo seu lado de escrita, porém também devido a influência e força na literatura fantástica da América do Sul.
Passados alguns anos desde esse lançamento, a editora Companhia das Letras, em que já havia relançado Antologia da literatura fantástica traz um primeiro trabalho totalmente de Ocampo para o país. Trata-se de A Fúria: E Outros Contos, lançado no último dia 9 de agosto, na qual traz uma reunião de diversos grandes trabalhos reconhecidos dela. Eles passam desde o do título, ou seja, “A Fúria”, divulgado oficialmente em 1959, “A Casa de Açúcar”, “O Paciente e o Médico”, entre outros.
Começando a carreira no ano de 1937, com o livro Viaje olvidado, ela acabou sempre sendo renegada ao longo de sua trajetória devido a relações próximas. Uma delas é com o também escritor e marido de Silvina, Adolfo Bioy Casares. O segundo foi seu amigo, o escritor argentino, um dos mais conhecidos de todos os tempos, Jorge Luis Borges. Seu trabalho então, até bastante falado nos meios mais acadêmicos, acabou deixado de lado por parte do grande público internacional.
O escritor e cineasta Edgardo Cozarinsk, grande amigo dela por boa parte da vida, contou em entrevista ao O Globo, mais sobre obscurantismo nela. “Durante décadas, Silvina Ocampo foi o segredo mais bem guardado das letras argentinas. Admirada pelos melhores escritores, recebia menções breves em manuais de literatura, associações óbvias com Borges e Bioy. De uns anos para cá, ela tem encontrado novos leitores, cada vez mais numerosos e apaixonados”, revela.
Edgardo ainda relembra de uma situação na qual definia sua personalidade. “Levado por um excesso de veemência juvenil, disse, já não sei sobre quem: ‘essa pessoa me dá nojo’. Silvina me encarou fixamente durante um instante e logo murmurou: ‘E você não ama esse nojo?'”.
Antes de se transformar em uma grande escritora, Ocampo também teve uma carreira nas artes plásticas. Ela chegou, durante os anos 20, a ir estudar em Paris, local em que conheceu alguns dos nomes fundadores do surrealismo, como Fernand Léger e Giorgio de Chirico. Todo esse lado prévio ajudou bastante a sua construção imagética, envolvida com diversos causos, como o próprio casamento com um homem 11 anos mais novo e sobre a possibilidade de ter tido uma amante.
Apesar de tudo, a importância é gigantesca de trazer a primeira obra com o nome de Silvina Ocampo na capa, buscando um novo olhar para sua trajetória no Brasil. A Fúria: E Outros Contos tem o preço de capa de R$69,90 e já pode ser comprado aqui.