Crítica – Freaky: No Corpo de Um Assassino

O diretor Christopher Landon encontrou o seu nicho: o de revigorar o gênero slasher por meio da junção com dispositivos narrativos de outros filmes marcantes, como A Morte Te Dá Parabéns – que é uma mistura de O Feitiço do Tempo com Pânico, onde uma estudante fica presa no dia em que é perseguida por um assassino mascarado. A fórmula agora se repete em Freaky – No Corpo de Um Assassino. Mas no lugar da distorção temporal, Landon agora usa do elemento de “troca corporal”, como em Sexta Feira Muito Louca e diversos outros longas.

Em Freaky, a protagonista é Millie Kesler (Kathryn Newton), uma jovem de 17 anos que mora com a mãe e a irmã, essa que trabalha como policial na delegacia na cidade onde moram. A família está em certa desarmonia devido a morte do pai, e cada uma escolheu uma maneira de lidar com a perda. A mãe se refugia na bebida, e a irmã no trabalho. Enquanto Millie lida com isso e as agruras do ensino médio, um serial killer (Vince Vaugh) começa a agir na cidade, e ao atacar Millie com uma faca mística azteca, uma magia é acionada, fazendo com que vítima e algoz troquem de corpo. Agora, no corpo do assassino, a jovem precisa correr contra o tempo para voltar ao normal, enquanto sua imagem é usada para cometer crimes.

Nos dois aspectos da trama, Landon não busca mudar muito a fórmula além da mistura em si, e tudo é tratado com muita simplicidade. O assassino é somente um brutamontes violento sem muita motivação ou histórico, a adaga um artefato maligno e Millie uma jovem normal com complicações típicas de ensino médio, lidando com zoações e com os “crushes”. Com a inversão de corpos, boa parte da graça vem de Vaughn tendo que agir como uma adolescente meiga no corpo de um homem alto e forte. O mais dificil é para Millie se acostumar com suas novas dimensões e o filme brinca com isso. A fisicalidade do ator, explorada para a violência em Briga no Pavilhão 99, aqui é fonte de comédia, embora às vezes esbarre um pouco no estereótipo do jeito “menininha” de ser – algo que não condiz com o pouco que é apresentado da personagem em seu estado normal.

Além da troca principal, há também uma série de pequenas trocas acerca de certos padrões do gênero slasher, porém nada revolucionário ou que pese muito no andamento geral da trama. No entanto, eles garantem um pequeno frescor. Por exemplo, se sexo costuma significar morte, aqui a primeira morte é de alguém que não está transando, se personagens negros costumam ser os primeiros a morrer, as vítimas aqui são todas brancas. Vale destacar que as mortes em si são todas muito bem executadas, sendo feitas de uma mistura de efeitos práticos e CGI quando necessário.

Vale destacar que, apesar do filme adotar um discurso progressista, especialmente pelo seu elenco diverso, Freaky – No Corpo de Um Assassino não foge de piadas mais pesadas e, bem, coisas de nível 5ª série, como Millie ficar levemente encantada com o pênis de seu novo corpo. Se apoiando mais no humor, no entanto não deixando para trás o lado mais gráfico da violência no gênero, a obra é mais uma divertida obra de Landon, mostrando que às vezes é válido ficar na zona de conforto.

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