Exposição Dreamworks no CCBB

Para os fãs de cinema é impossível não ficar empolgado apenas com a ideia inicial da exposição “DreamWorks: Uma jornada do esboço à tela”. Todo o conceito de passar a força criativa por trás das mais diversas animações produzidas pelo estúdio é algo não apenas incrível – sob o ponto de vista imaginativo -, como também inspirador para as novas gerações. O interesse de se trabalhar com filmes no Brasil precisa cada vez mais ser incentivado e ações como essa abrem margem para isso.

Adentrando de vez na exposição, já foi possível ver na entrada do Centro Cultural Banco do Brasil (o famoso CCBB), no Rio Janeiro, uma aglomeração intensa de crianças e adultos, na expectativa de ver os bastidores de seus desenhos favoritos. A facilidade em pegar os ingressos, visto que são gratuitos, e a empolgação na fila, mesmo em seu gigantesco tamanho, não tira a expectativa ao entrar nesse gigantesco “templo”. E, olhando para o lado, já é possível ver a girafa Melmam em um tamanho quase realista, olhando para o público. Bem ali próximo, o dragão Banguela também dava o ar de sua graça. Não parecia ser tão descarado, mas pode-se interpretar como o pista da montagem do evento.

Os primeiros passos são sempre marcantes em uma exposição e aqui não foi diferente. Telões e exibições em vídeo mostravam a criação de artes conceituais dos mais diversificados personagens do estúdio. Ali, poderíamos ver Po, Spirit, personagens de O Caminho para El Dorado e até a criação de Shrek. Obviamente, esse instante de gigantesca empolgação eleva a atenção dos presentes, abrindo as portas da observação de cada detalhe do meio na qual estão. Até por isso, a continuação já mostra maquetes, artes e até esboços em argila da criação de alguns dos mesmos mostrados anteriormente. Tudo realmente parecia caminhar em um bom sinal.

É impressionante como a felicidade toma conta das crianças, admiradas nesses detalhes até então imperceptíveis no meio audiovisual. Enquanto estamos acostumados a gigantescas telas de cinema e uma frenética quantidade de bichos falantes por metro quadrado, fica bem complexo refletir sobre o trabalho atrás daquilo tudo em um mundo infantil. Essa é a oportunidade perfeita de uma apresentação, de uma abertura de portas para o mundo mágico, se é possível dizer assim.

Pois bem, infelizmente, os elogios acabam por aqui. Sim, ainda é catártico todo o material e elementos trazidos, além da beleza de criação das maquetes no evento, todavia, ao passar das salas, tudo parece um tanto quanto confuso nos olhares. Agora, as animações se repetem – principalmente as mais famosas, como Shrek, Madagascar e Kung Fu Panda. Além do fato de não estarem em ordem cronológica e ocuparem um espaço que poderia ser destinado a longas menores, aqui temos quase uma carga gigantesca de pressão das maiores bilheterias. Esse fato é uma perda tão grande ao nem abrir uma possibilidade de descoberta de desenhos não tão falados. Chega a ser até triste a sala derradeira, onde se poderia haver um ápice emotivo, bem relacionado a todo esse universo da DreamWorks. Até seria ótimo com a aparição dessas grandes produções e sendo relembradas ao longo de cada entrada de sala. Entretanto, parece mais um espaço de consolação destinado ás menores rentabilidades.

Apesar das belíssimas intenções na realização de uma exposição sobre esse estúdio e toda a sua vasta produção cinematográfica (algo até, relativamente, alcançado), é decepcionante observar uma certa repetição temática. Em uma necessidade e interesse do público, poderia ser feito algo ainda melhor e maior. Se o espaço não foi o ideal, se não se conseguiu o material, todas essas questões são até releváveis. Mesmo assim, deveria ter sido feito de forma mais convincente com o que se tinha.

O Brasil merece receber cada vez mais esse tipo de atenção e carinho com sua audiência, desesperados para consumir em maior quantidade o que amam. O que se espera dos estúdios é apenas um tratamento com o mesmo carinho dado.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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