How to Talk to Girls at Parties mostra que Neil Gaiman pode ser apenas diversão
Adaptações de obras do grande escritor Neil Gaiman, tendem ao dramático. Desde Stardust até Deuses Americanos, a comédia, também muito característica de seus livros, pouco é presente. Sendo assim, restou para o conto How to Talk to Girls at Parties cumprir esse papel. Mesmo sendo muito curto, o pequeno texto traz um pouco – bem pouco, mesmo – da essência que vemos no longa.
O filme começa sua história na Londres dos anos 70, aonde três amigos vão para uma festa em busca de arrumar garotas para sair. Eles acabam adentrando em uma casa muito psicodélica, aonde encontra uma menina estrangeira, que os convence a mostrarem a ela o submundo do punk londrino.
A obra que serve como base, em quase nada, é vista aqui. Seja nos diálogos, na maneira dos personagens agirem e serem, e nas situações. Quer dizer, nesse último ponto alguns pequenos detalhes são referenciados, mas nada que chega a se tornar realmente relevante para o todo. O diferencial desse longa reside nos pequenos grandes momentos cômicos, já que a trama acaba por ser extremamente boba. Além disso, a excentricidade na escolha dos figurinos, na palheta da fotografia e na personalidade de cada um, cria situações hilárias. Dois exemplos bem claros disso, são nos personagens John (que é interpretado por Ethan Lawrence) e Queen Boadicea (feita por Nicole Kidman).
O casal principal Enn e Zan – vivenciados por Alex Sharp e Elle Fanning – pouco se destacam nessa linha narrativa, já que os dois possuem uma relação que era pra ser engraçada, mas chega ao ponto do bizarro. Mesmo que as atuações de ambos estejam boas, a química só funciona na cena musical que, por sinal, é um dos pontos altos. O diferencial está mesmo nos personagens secundários.
Essa história possui um lado psicodélico e sobrenatural que aparece frequentemente. O fio da trama está nesse ponto, porém poderia ter um pouco mais de explicação ou deixar apenas um grande mistério, mas o roteiro de Philippa Goslett e John Cameron Mitchell – que também dirige – aposta em desenvolver um pouco esse lado, entretanto o larga sem sentido algum.
Mesmo que você não seja um grande fã, é inegável a influência que Neil Gaiman possui na cultura pop britânica, mas sua essência aqui está apenas no lado da diversão e da comédia e não nos seus momentos de brilhantismo, algo que acaba se assimilando ao conto original. Não é uma obra-prima, mas também não chega a ser ruim. O objetivo inicial acaba por ser atingindo quase que totalmente, apenas com alguns pequenos problemas na execução. Apesar de querer adaptar um conto de um dos escritores mais satíricos, assim como humor inglês, How to Talk to Girls at Parties lembra muito mais uma comédia romântica independente normal americana.