Looking For Alaska: a produção adolescente necessária

Baseada no aclamado primeiro livro de John Green, Looking for Alaska chegou na Hulu, plataforma que entregou para o mundo a também aclamada The Handmaid’s Tale. Por todos esses motivos, as expectativas eram altas para o que viria dessa história. História essa que fala de Miles, um menino obcecado por últimas palavras de pessoas famosas e que está em busca de”Um Grande Talvez” (um conceito explicado logo no primeiro episódio). Por isso, ele entra em um internato onde faz amizades com Alaska, Coronel e Takumi e, como diria o locutor da Sessão da Tarde, vivem grandes aventuras. 

Por ser baseado em livro, é inevitável comparações. Principalmente sendo o que a obra é, onde as citações fizeram a alegria de qualquer usuário do Tumblr que tinha 13 anos no inicio da década. E é aí que a série acerta. As falas mais importantes dos personagens são milimetricamente reproduzidas no seriado como são faladas no original. Assim, ele entrega exatamente o que um fã do livro estava preocupado de ser distorcido na série. E a tranquilidade de saber que a pergunta sobre o labirinto está intacta é a melhor parte. 

Contudo, isso não quer dizer que não há mudanças em relação ao livro. Pra ser sincero, apesar de eu gostar das frases do livro, a melhor parte da série são as mudanças que ocorrerão. Todas foram para melhor. Na verdade, a decisão de transformar em uma série ao invés de um filme foi certeira, pois eles não mudam nada, só acrescentam e expandem situações que complementam a história do livro.

O melhor exemplo disso são os relacionamentos, tanto os de amizade, quanto os românticos. O romance de Lara com Miles fica bem mais natural e faz o público entender muito melhor o que ele sente sobre a Alaska. Na verdade, a audiência consegue se aprofundar bem mais nessa produção sobre todos os relacionamentos da Alaska. A amizade dela com Coronel e Takumi existe no livro, mas a forma como é mostrada na série realmente dá pra entender bem como eles são importantes na vida da menina. 

A Alaska, na verdade, pode ser considerada a maior mudança daqui. Enquanto na produção literária, ela é simplesmente aquela menina despressiva e misteriosa que o Miles nunca resalmente entende o que ela está pensando ou sentindo, no seriado ela é mais expositiva – e até mesmo mais adolescente. Diversas novas situações apresentadas servem para nos lembrar que, apesar dos diálogos rebuscados e a quantidade de cigarros fumados, eles só tem 16 anos. Mas, com isso, todo o sofrimento de Alaska e todas as suas questões acabam soando menos sérias do que outros problemas, como ser chamada de Dedo-Duro. 

E, também, toda a situação que é anunciada e esperada durante os episódios, quando ocorre não tem a mesma forma que no livro. Tudo acaba ficando mais corrido do que o ritmo inicial do programa. Falta uma intensidade, na qual no livro é brutal. Mas isso é logo respondido através da reação dos personagens ao acontecimento. 

Apesar de ser a maior mudança, outros personagens além de Alaska sofreram com boas alterações. Coronel se torna um personagem bem mais consciente e com boas questões para adicionar, coisa que no livro fica um pouco superficial. A Lara e Takumi deixam de ser apenas um grande apoio ao elenco principal, mas tem importância devida. Até mesmo o Águia e o Senhor Hyde ganham um contexto que torna os personagens bem mais cativantes. 

Contudo, nada disso seria possível se não tivesse tido uma escalação de elenco perfeita. Todos os atores estavam absurdamente perfeitos para seus papéis. Particularmente, eles são parecidos e agem exatamente como eu imaginei cada um. A direção traz toda toda essa questão e suas interpretações lindamente. Lindamente como a fotografia e a ambientação dos cenários e das situações, que foi sútil e natural. O detalhe do Mortal Kombat no vídeo game, que é uma cena recorrente no livro, nos faz lembrar que estamos assistindo algo que se passa em 2005. Assim como a escolha da triha sonora. Essa, na qual, apesar de soar muito atual, tem seus momentos de covers de hits da época, além dos proprios hits.

Looking for Alaska se prova uma série adolescente, mas não tem medo de ser uma e não tenta sair de sua caixa, apenas faz isso maestralmente. Em épocas que vivemos com Riverdale e 13 Reasons Why, é importante para o gênero ter produções como essa. Bonita, detalhada e interessante, o seriado traz diversas reflexões e necessidades para um público adolescente. Só vamos torcer para que a Hulu não decida produzir mais uma temporada desnecessária.

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