Wandavision começa razoável e termina trágica

Os fãs estavam animados. Depois de mais de um ano sem nenhum lançamento do Marvel Studios, por conta da pandemia e adiamentos, Wandavision chegou para cumprir uma certa necessidade aos apaixonados pela Casa das Ideias. E isso porque era uma história que traria consequências aos próximos filmes, além de poder explorar o tema do multiverso (tão caro aos leitores de quadrinhos). Dentro dessa ideia, a série começou com tudo e espalhando um conceito bem próprio. O grande problema é como isso acabaria não se sustentando em fazer a Marvel nos cinemas, novamente, tentar criar uma história épica e acabar morrendo na praia.

Na trama do seriado, acompanhamos a vida de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) através de uma paródia de programas para a televisão dos anos 60 e 70. Todavia, tudo muda quando agentes de inteligência da SWORD começam a perceber que, na verdade, Wanda criou uma espécie de realidade alternativa para trazer seu amor de volta dos mortos. Assim, eles tentarão a todo custo destravar esse microcosmo que faz com que diversas pessoas sejam obrigadas a viver quase que programadas dentro da cidade de Westview.

Jac Schaeffer tenta trazer com Wandavision uma busca por criar algo novo dentro do universo do audiovisual da Marvel. Assim, é até divertido acompanhar a mescla de gênero que se impõe nos três primeiros capítulos. Enquanto no início tudo é explorado mais para um lado da comédia absurda, no segundo ocorre um maior desenvolvimento de um certo drama da gravidez. Isso tudo é sabotado dentro do terceiro episódio, em que é abraçado de vez o lado da ação e ficção-científica, com os agentes começando a tentar entender o que seria esse local criando por Wanda. Essa primeira parte é curiosa para dar espaço a alguns conflitos que irão aparecer depois, especialmente aqueles internos com a personagem principal perante sua família criada. Porém, se há uma base dramática ali, ela é simplesmente desmontada pela falta de vontade da série.

E assim, demoramos quatro capítulos para ver realmente todo o conceito inicial ser explorado. Os elementos de disputa ali são simplesmente centrados em algo que já passou. Assim, a narrativa da produção é apenas reciclar algo que não se sustenta mais. Um dos exemplos mais claros é a possível perda novamente de Visão por Wanda. Os episódios tentam trazer esse elemento de volta para acabar em um mesmo sentido. É como se estivéssemos vendo uma repetição de algo em sete capítulos.

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Os dois finais acabam sendo uma tentativa do seriado de abrir espaço para algo novo, trazer o que poderia ter feito antes. Mas aí, quando o grande vilão aparece, nada parece mais ser realmente interessante. Já que estamos acompanhando um universo em que todos os personagens são superficiais, a tentativa de colocar um desenvolvimento de história para uma vilania também superficial fica quase bobo. E é dentro disso que a série tem diversos momentos em que é perceptível como poderia chegar a algo a mais, porém se limita ao mais simples possível. Isso fica bem claro com os personagens da SWORD, especificamente Monica Rambeau (Teyonah Parris), que assume uma relevância que nunca é realmente explorada.

É interessante e é bonito de ver como a temporada de Wandavision tenta ser algo a mais, buscar alguma novidade para o universo até meio cansativo da Marvel. Porém, acaba, ao fim, sendo apenas uma repetição do que boa parte dos filmes também são: preguiçosos e sem desenvolvimento. Para que lutas e perdas façam sentido, é necessário que tenhamos uma relação profunda com os personagens ali retratados. Contudo, a série explora apenas o raso de todas as relações possíveis, mesmo tendo 9 episódios para acontecer. E não, não faltava mais tempo. Talvez apenas um pouco de coragem.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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