Crítica – Frozen 2
O primeiro Frozen tinha como seu foco temático uma disucussão sobre aceitação das diferenças e a diversidade das pessoas. Além disso, a questão sobre o espaço na sociedade também ficava pungente na protagonista Elsa (Idina Menzel), não se vendo parte de toda a situação no reino, incluindo um reclusamento aos seus poderes. Chegando agora na continuação, toda essa situação já é passado. A cidade aceita mais a todo, inclusive as irmãs possuem uma proximidade ainda maior, algo complicado anteriormente. A infância faz parte maior de suas vidas, com memórias ainda presentes sobre essas circunstâncias. Uma delas principal é a do pai, na qual conta sobre um lugar hoje cheio de névoa, que reúne representantes dos elementos.
Frozen II leva suas personagens para esse lugar, quase remoto no tempo e espaço. Junto de Olaf (Josh Gad) e Kristoff (Jonathan Groff), Elsa e Anna (Kristen Bell) vão para esse distante lugar devido a um chamado em forma de canto por uma deusa antiga. Sem entenderem bem aonde estão e quais as circunstâncias dali, eles deverão entender todo esse ambiente para, como o boneco diz, realizar uma jornada de “transformação” em suas vidas. Essas, já modificadas, porém com a necessidade ainda maior de mudar.
Retornando do primeiro longa, Chris Buck e Jennifer Lee trazem uma nova relação de seu enredo principal. Se antes a diversidade era trabalhada aqui, ao menos, há uma tentativa de trazer alguma novidade. Por isso, a intenção é trazer aqui elementos mais de uma questão pessoal. Kristoff quer pedir Anna em casamento, enquanto Elsa está buscando entender o que aquela voz e aquele cantão, que parecem marcados no tempo, tem a ver com sua trajetória/vida. Não existe nenhuma solução clara ou até relações entre vilão e herói aqui, a busca está em uma maior resolução sobre como essas personagens estão no mundo, vivendo sua mesma pessoalidade.
Todos esses elementos são impulsionados na grande relação da natureza possuída pela narrativa. Existe uma conexão explorada superficialmente do ambiente natural como uma maneira de sobreviver, quase como um discurso ambientalista. Entretanto, a obra parece não querer muito explorar isso, mesmo abrindo certas pontes. Aliás, os elementos presentes nesse segmento da animação rememoram bastante Irmão Urso, por exemplo, ao retratar uma codependência. Se os seres humanos dependem da água, terra, fogo e ar para conseguirem realizar suas ações todo dia, o mesmo ocorre com os chamados quatro elementos, possuíndo uma ajuda e imposição da sobrevivência pela existência dos seres terrenos.
Falta para a obra, no entanto, possuir um verdadeiro foco. Parece haver uma intenção bem clara de desenvolver, apenas, as características e elementos pessoais de seus protagonistas, especialmente em suas jornadas cada vez mais complexas. Há uma quase apatia nesse novo universo, apesar de visualmente deslumbrante. As músicas apenas reforçam isso, por serem totalmente genéricas, pouco trazendo uma força dramática a cada sequência. Pelo outro lado, quando busca uma comicidade, funciona a gerar pequenas circunstâncias e momentos mais engraçados. Contudo, ao entrar de vez na narrativa da obra, tais situações não funcionam e nem coexistem bem.
Frozen II até tenta tornar-se tão marcante quanto seu original, todavia parece ainda mais esquecível. O primeiro, mesmo possuíndo certos problemas em saber colidir aquele universo com suas forças dramáticas, ainda conseguia ser marcante por criar momentos icônicos. Aqui, isso é, praticamente, esquecido. Não há nada que reforçe um caminho a qualquer lado. Tudo parece apenas jogado, muito mais interessado em um efeito imediato, do que em uma busca por algo próprio. A falta de uma história melhor trabalhada só ajuda a corroborar essa tese. Se a intenção era buscar uma continuação de impacto, a intenção foi a primeira a morrer.