Crítica – Sex Education (2ª Temporada)
Sex Education foi uma das mais agradáveis surpresas da Netflix do ano passado. Ela habita no mesmo espaço temático de Big Mouth ao falar sobre sexualidade entre adolescentes, mas, ao invés do humor ácido e escrachado da animação americana, na série britânica temos algo mais carinhoso e divertido. Isso ainda está de frente e encara alguns assuntos considerados tabu, como o aborto, sem procurar suavizar a questão
Nesta segunda temporada da produção, Otis (Asa Butterfield) encerrou as atividades de sua “clinica”, após os conflitos com Maeve (Emma Mackey) no final da temporada passada. Ele passa, então, a se focar mais em seu relacionamento com Ola (Patricia Allison), sempre ao lado de seu amigo Eric (Ncuti Gatwa), cuja família passou a aceitá-lo, embora ainda esteja confuso sobre seus sentimentos em relação a Adam (Connor Swidells). Após um falso surto de clamídia na escola, resultado da péssima educação sexual oferecida, a mãe de Otis, Jean (Gillian Anderson) passa a fazer parte do cenário escolar, para o embaraço do protagonista.
Ao invés de mudar muito a fórmula da série nessa nova fase, a criadora Laurie Nunn, busca se aprofundar nos dilemas dos personagens e expandindo a participação de outros, como a de Jean. Se antes ela era relegada a ser somente mãe do Otis, agora ela passa a ter um trama para chamar de sua, já que agora alguns dos episódios passam um tempo explorando o relacionamento da mesma com Jakob (Mikael Persbrandt), que passa por alguns percalços.
Quem também passa a ganhar maior destaque é Jackson (Kedar Williams), que é o personagem que mais cresce e se desenvolve, tendo que encarar seus problemas psicológicos e familiares causados pela pressão de ser um atleta de alta performance e passa a perceber que seu coração está em outras atividades. Surpreendentemente, uma das melhores coisas nessa temporada e a maior participação da esposa do diretor Groff (Alistair Petrie) e de Maureen (Samantha Spiro), que na primeira temporada mal era percebida, aqui ganha uma das tramas mais interessantes, sobre a busca de uma mulher mais velha por independência emocional.
Existem novas adições ao elenco. Embora elas sejam desperdiçadas em tramas um tanto clichês e similares uma das outras, como Rahim (Sami Autabali), o interesse romântico de Eric, e Isaac (George Robinson), um cadeirante que se posiciona como um possível interesse romântico para Maeve. Numa série tão rica em histórias, que duas delas sejam de um “triângulo amoroso” não deixa de ser um pouco decepcionante, por isso que Viv (Chineyne Ezeudu), tutora de Jackon, acaba por se destacar tanto, já que sua trama foge um pouco de relacionamentos amorosos.
Existem muitas produções voltadas adolescentes, mas poucas estão dispostas a tratar sua audiência com inteligência, tanto mental, quanto emocional, como Sex Education. Ser adolescente é difícil, com todos seus infinitos dramas e confusões, é uma das fases mais complicadas da vida, porém, assistindo a essa série, deu até saudades do meu ensino médio.