O que esperar de O Doutrinador?

O cinema nacional vive uma fase realmente inovadora há algum tempo, quando algumas novas produções foram anunciadas prometendo revolucionar alguns gêneros. Dentre eles, estão as adaptações de quadrinhos, algo especificamente muito novo no cenário brasileiro. Tungstênio, dirigido por Heitor Dhalia, deu o pontapé inicial nesse estilo, que deverá ter seu ápice no próximo ano com Turma da Mônica: Laços. Entretanto, 2018 ainda está reservado para um longa polêmico que irá trazer para as telonas uma HQ que já tem o teor controverso por si só: O Doutrinador.

O filme teve um painel especial durante a GGRF 2018, para o diretor, os roteiristas, a atriz e o criador da obra original comentarem um pouco sobre as inspirações e o qual o impacto que eles esperam que a película tenha, especialmente em um país tão dividido como está o Brasil.

Luciano Cunha, o criador, começou falando sobre em que momento o projeto surgiu de sua cabeça e quando ele se tornou tão gigantesco, a ponto de ser pensado em se tornar uma produção audiovisual – já que não será apenas um filme, mas também uma série. O quadrinista disse que “por um desses acasos do destino” teve a ideia de retomar com o vigilante em 2013, junto com sua máscara. Por coincidência, esse ano também ficaria marcado pelos protestos famosos por conta do aumento das passagens:

“O personagem estava no lugar certo e na hora certa”, ele falou.

Créditos: Isabela Toscano/Beulasartes Fotografia

O comandante do longa, Gustavo Bonafé, relatou mais sobre a importância do início de um gênero novo dentro do país, além de buscar fazer algo novo:

“É um projeto incrível porque fazer filme de gênero no Brasil é difícil. É um projeto ousado pelo que a gente tem feito aqui”, falou o cineasta, que também está responsável por dirigir o seriado.

Um debate, do mesmo modo, que acabou sendo travado durante o painel foi sobre a questão de como humanizar um personagem que não realiza práticas socialmente aceitáveis, como matar. Durante toda a história da obra, ele irá atrás de políticos corruptos, sem realmente uma ideologia carregada como bandeira nas costas, porém estando definido por alguns como anarquista ou fascista. Para o autor da narrativa, ele se aproxima mais do nilismo, já que sabe que, quando parte para uma missão, não existe mais volta.

“Um dos nossos objetivos era saber como humanizar um personagem assim, que empunha uma arma e mata pessoas. A questão era saber como poderíamos transformar a figura dele em um herói. A ideia era fazer o público entender de onde vem essa indignação para matar políticos”, disse L.G. Bayão, um dos roteiristas.

Outro aspecto bastante discutido – após um questionamento do mediador Affonso Solano – foram as referências dentro das próprias HQ’s para a tela, algo que foi levantado principalmente para Cunha. O citado por todos foi Frank Miller, que possui o costume de criar personagens muito atrelados a políticos em suas obras. A inspiração no autor de Batman: O Cavaleiro das Trevas era se aproximar do real, mas entendendo o limite que era bastante perigoso.

Créditos: Isabela Toscano/Beulasartes Fotografia

Por fim, ainda deu tempo de Bonafé contar que as gravações ocorreram todas em São Paulo, mas sempre extremamente maquiadas, visto que o objetivo principal era criar um mundo à parte, a cidade do Doutrinador.

Se esse mundo das adaptações de quadrinhos pode dar frutos positivos dentro da sétima arte brasileira, só o futuro poderá dizer. Todavia, no dia 20 de setembro desse ano está reservada uma estreia que promete mostrar, de vez, que rumo esse subgênero está tomando.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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