“A XXI Bienal do Livro será uma grande celebração”, diz Stephanie Borges
Começa nesta sexta-feira (dia 1) e vai até o próximo dia 10 de setembro mais uma edição da Bienal do Livro do Rio. Em 2023 o evento tem um sabor especial, por alguns motivos. Um deles, o aniversário de 40 anos da primeira edição. Outro, sendo o primeiro realmente após a pandemia de Covid-19 (houve em 2021, porém ainda sob muitos efeitos). Por isso, a expectativa é muito grande por toda a parte, inclusive no coletivo curador.
O Senta Aí conversou por e-mail com a poeta e tradutora Stephanie Borges, que faz parte do coletivo com Clara Alves e Mateus Baldi. Ela falou da construção da Bienal nesse ano, das escolhas das mesas e do que esperar para o futuro.
Senta Aí: Como foi pensada na curadoria para essa edição de 2023?
Stephanie Borges: A partir da premissa “em tempos de popularização da Inteligência artificial, o que nos
define enquanto seres humanos?” nós identificamos alguns temas-chave: o sonho, a criatividade, a imaginação, o amor, a amizade. Tentamos propor conversas entre autores que pudessem trazer diferentes contribuições sobre assuntos relevantes para pessoas com perfis e interesses diversos.
Por exemplo: temos uma mesa sobre saudade e luto, no sábado 02/09, que traz a Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, que é médica, a romancista Natalia Timerman, o escritor Allan Dias Castro e ator Kiko Mascarenhas. A ideia é mostrar como essas diferentes perspectivas nos fazem refletir sobre como uma experiência pode ser coletiva e ainda assim muito particular.
Também pensamos em valorizar autores brasileiros que estão produzindo histórias em quadrinhos, fantasia, terror, ficção especulativa pois são gênero com apelo ao público jovem, queremos apresentar a esses leitores uma produção nacional que pode interessá-los.
SA: A Bienal do Livro retornou em 2021, mas ainda em meio a pandemia, com muitas pessoas receosas em comparecer no evento. Acreditam que essa edição de 2023 é realmente da retomada para um grande público que gosta do evento?
SB: Acreditamos que a XXI Bienal do Livro será uma grande celebração. Será uma comemoração de 40 anos de um evento querido pelos cariocas, reencontro com o público que está com saudades de estar junto de autores e amigos no Riocentro. A edição da Bienal 2023 também é um convite para quem ainda não teve a experiência de passear pelos pavilhões e se surpreender com a profusão de livros, conversas e histórias que tornam a Bienal um momento tão marcante.
SA: É possível perceber que a programação da Bienal deu mais espaço para livros e autores que fazem sucesso no TikTok e também de sucessos comerciais de autores nacionais. A Bienal vê isso como uma chance de se aproximar de um público mais jovem?
SB: Entendemos que as redes sociais desempenham várias funções na cadeia do livro. São uma forma dos autores manterem contato com seu público, servem para que os influenciadores divulguem inúmeros títulos e contribuem para a criação de comunidades de leitores e de clubes de leitura. Portanto, nos parece natural contemplar esses aspectos na programação.
Teremos autores como Pedro Pacífico, que começou compartilhando suas leituras nas redes sociais e vai lançar seu primeiro livro na Bienal, até uma mesa dedicada a personagens apaixonantes, chamada “Crushes literários” no domingo, 03/09, na qual influenciadores, alguns deles também autores, vão falar das suas paixões literárias, personagens inesquecíveis e histórias que contribuíram para que eles se tornassem leitores.
SA: Essa é a edição de 40 anos do evento. O que podemos esperar de homenagens e dessa lembrança da história da Bienal?
SB: No dia 1/09 às 17h, começamos a programação oficial com a mesa “40 anos de Bienal: Uma celebração” com Ana Maria Machado, Clara Alves, Mauricio de Sousa, Ruy Castro e Thalita Rebouças, mediada por Rosa Maria Araújo. Reunimos autores que passaram por diferentes edições da Bienal para contar suas histórias inesquecíveis e comentar as transformações que eles observaram ao longo do tempo. É uma conversa entre autores que acompanham a renovação do seu público e escritores que apaixonaram por livros frequentando a Bienal e hoje atraem milhares de jovens leitores. Queremos celebrar o que a Bienal representou nas últimas décadas e refletir sobre como podemos continuar atraindo pessoas e estimulando a leitura.
SA: A Bienal tem sido um evento cada vez mais conectado com as novidades do mundo digital. Como vislumbram os próximos anos, nesse sentido?
SB: Consideramos que a Bienal é um evento de estímulo e democratização da leitura, por isso, entendemos que o físico e o digital se complementam. Vários autores que estão na programação começaram publicando em fanfics, sites, plataformas como Wattpad ou em e-books, migrando para o livro físico depois de conquistarem um público online. Entendemos que essa dinâmica deve ser manter em alguns gêneros literários, portanto acredito que a ideia é integrar essas diferentes experiências sempre mostrando para público que são muitas as possibilidades – livro físico, digital. audiolivro – e todas elas podem coexistir no dia a dia das pessoas.