Ariana Grande e seu Sweetener
Dentro da música pop na atualidade é impossível retirar Ariana Grande do topo de artistas influentes e que mais atraem público. Ela saiu de sua parcela adolescente que acompanhava seu trabalho de atuação para atingir patamares cada vez mais maduros, algo que a própria admitia com suas canções – talvez o maior exemplo disso sendo o lançamento de Dangerous Woman, em 2016, aonde ela assumiu uma estética sensual fortíssima. Chegando agora no ano de 2018, a cantora lançou Sweetener, um trabalho que vinha cercado de incerteza, ainda mais pelos singles lançados. Porém, apesar de um amadurecimento musical, Ariana parece ter regredido alguns degraus no seu crescimento.
É inegável sua relação com a música na atualidade, que busca uma mistura sempre frequente do eletrônico com o rap, algo que ela entendeu de maneira bem sincera. Faixas como “The Light Is Coming” (que repete a parceria com Nicki Minaj), “No Tears Left To Cry”, “Goodnight N Go”, “Everytime” e até a faixa-título “Sweetener”. Grande consegue trazer uma levada extremamente popular de festa, junto com seu lado mais leve nas batidas, que combina com sua voz. É até impressionante como existe uma semelhança visível com o início de sua vida artística, em Yours Truly, de 2013. O problema é que isso funciona pouco, se tornando canções repetitivas e com refrões cansativos, dando a impressão de uma preguiça no trabalho.
Todavia, não se pode falar apenas desse senso comum, já que a artista busca também ir para caminhos que ainda não havia desbravado. É incrível como existe uma mistura do funk e do R&B, que combinam harmonicamente com sua voz aguda e lírica. Os maiores destaques ficam, sem dúvidas, para “God is A Woman”, a balada “R.E.M”, “Successful” e “Blazed”, em colaboração com Pharrell Williams. Apesar de menos comerciais, são faixas que mostram o talento variado de produção, fato que o público pouco tinha visto nos últimos anos.
Existe uma pitada experimental também trabalhada aqui, mas extremamente mal explorada dentro dos 47 minutos do álbum. A produção musical se atrapalha na sequência de músicas que as vezes nem tem uma relação, o que gera extrema estranheza na audição. “Raindrops (An Angel Cried)”, “Better Off” e “Pete Davidson” são essas transições mal ritmadas e que parecem estar ali porque precisariam, já que não tem nenhum impacto dentro dessa narrativa de entendimento sobre o atual estado da protagonista da obra.
Em seu último CD, a cantora havia criado uma estética e exibição própria, algo que gera um comparativo péssimo para Sweetener, como uma falta de identidade – o que não deixa de ser verdade. É algo criado de maneira bem mais apressada do que deveria, o que pode até atrair uma audiência nova, contudo deve desagradar os fãs de longa data, que esperariam ver maior novidades dentro das escolhas artísticas. Um lado positivo a se pensar dentro disso tudo é perceber como certas influências tem afetado para ela, o que tem sido um flerte interessante com esse lado de uma arte mais instrumental e que busca raízes, algo que foi feito de maneira inventiva por Beyoncé em Lemonade. Resta saber se Ariana Grande está realmente disposta a novos desafios dentro de sua carreira ou se o estágio máximo foi alcançado.