Autores coreanos visitam o Brasil em comemoração aos 60 anos de relações diplomáticas entre o país e a Coreia do Sul

Estabelecidas em 1959, as relações diplomáticas entre o Brasil e a Coreia do Sul perduram como um bom exemplo de cooperação entre países. Abrigando cerca de 50 mil pessoas pertencentes a comunidade sul-coreana –  advindos de um movimento migratório iniciado em 1963 (um ano após a abertura da embaixada sul coreana no país) -, o país tupiniquim é um alvo expressivo dos eventuais investimentos da região asiática em variados setores, como o tecnológico, o petrolífero e o siderúrgico.

Celebrando as boas relações entre os países, e a atual tendência de expansão da cultura coreana ao resto do mundo (tendo como uma de suas grandes marcas o fenômeno K-POP), a Literature Translation Institute of Korea (LTI Korea) promoveu um bate-papo com três grandes nomes da literatura asiática. O evento ocorreu durante a XIX edição da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, na qual um grupo de jornalistas pôde conversar com Kang Byoung Yoong, autor do romance Pepino de Alumínio (Topbooks), Kim Ki-Taek, autor de Chiclete (7Letras), livro de poesias, e Park Min-Gyu, escritor ainda inédito no país. 

Kim Ki-Taek, Park Ming-gyu e Kang Byoung Yoong em conversa com jornalistas

Entre as pautas, estavam a relação dos escritores com o Brasil, suas rotinas de produção e as peculiaridades de escrever para tão diferentes públicos. Quanto ao alcance de suas obras, os autores apresentaram diferentes perspectivas. “Eu me perguntava como seria possível traduzir uma poesia para outro idioma, sendo que até para mim, em meu idioma natural, elas têm difícil compreensão”, afirmou Kim ao Senta Aí. Tendo obras traduzidas em espanhol, japonês e português, o autor contou nunca ter imaginado que suas poesias seriam lidas fora de seu país de origem. 

Já Park se mostrou muito mais positivo quanto ao assunto, afirmando não se afetar pelas possíveis diferenças culturais dos leitores de suas obras. “Eu tenho fé que o objetivo na escrita de todos é o mesmo. Acredito que a literatura pode unir todas as pessoas, independente de onde estejam. Eu escrevo e torço para que meus textos nos tornem ‘cidadãos do planeta terra’, sem essas diferenças culturais”, além de deixar clara sua vontade de escrever um livro ambientado no Brasil.

A conversa também debateu quais elementos da cultura brasileira eram conhecidos na Coréia, entre os citados estavam Gabriela, Cravo e Canela, clássico romance de Jorge Amado e a produção musical de Sérgio Mendes. Ainda foi salientada a falta traduções de livros brasileiros no país e, entre o reduzido número, Kang não exitou em enaltecer Paulo Coelho. “Há um livro dele no qual um personagem diz querer ir a Eslovênia. Li muito do autor, sei que muitos dizem que suas qualidades literárias são duvidosas, mas ele tem algo que move as pessoas. Algo que faz coreanos saírem de seu país para irem a Eslovênia”, diz.  

Kang Byoung Yoong, Marina Carvalho, Kim Ki-Taek e Park Ming-gyu

A mediação da mesa ficou por conta de Raffa Mustagno, jornalista e autora de A Menina que Comprava Livros. Além deles, contou também com a presença da escritora e jornalista mineira Marina Carvalho, que estava lançando seu romance Um Dorama Para Chamar de Meu (Astral Cultural), cujo protagonista é coreano.

Fã declarada de séries coreanas, Marina diz ter se inspirado principalmente nessas produções para a criação de sua obra. Além ainda revelou que vê a troca de culturas entre os dois países como algo comum ao público brasileiro. “Esse boom sul-coreano não é novo, já vem de pelo menos 10 anos. Percebo um estranhamento por parte de quem não conhece, mas ao mesmo tempo uma curiosidade muito positiva”, afirmou.

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