Cinema brasileiro nos últimos 20 anos: 2010-11 (Parte 7)
Inciam-se, então, os os anos 2010.
Não só o cinema brasileiro, mas o latino-americano se mostrava cada vez mais no auge de produção. Não à toa que em 2010, o longa argentino O Segredo dos seus Olhos trouxe, pela primeira vez para a América do Sul, um Oscar de melhor filme estrangeiro. Porém, não foram só nossos vizinhos que puderam sentir orgulho do audiovisual de seu país. Algumas obras tupiniquins também obtiveram reconhecimento internacional.
Apesar de não apresentar filmes que chegassem a disputar premiações pelo mundo, o Brasil chega na nova década totalmente renovado, principalmente em relação à chegada de mais de 100 películas. O sucesso veio para algumas, que mudaram um pouco certos status.
Além disso, sequências diversas começaram a ser realizadas, o que mostrava a atenção cada vez maior do público para os longas. Dentro disso, a continuação de Tropa de Elite gerou um verdadeiro rebuliço em todo território nacional, o que gerou, simplesmente, a 3ª maior bilheteria do país e, quando foi lançado, a maior da história.
A volta do Capitão Nascimento
Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro trazia novamente alguns personagens amados pelo público no seu anterior, como o Capitão Nascimento (interpretado por Wagner Moura), Mathias (feito por André Ramiro) e o Coronel Fábio Barbosa (realizado por Milhem Cortaz). José Padilha retornava também para a direção e o enredo seguia caminhos próximos do primeiro, mas indo a territórios que dialogavam muito mais com o momento político no qual o país se encontrava.
Um dos maiores exemplos disso é a adição de um dos protagonistas para o filme. Diogo Fraga, atuado por Irandhir Santos, era um professor de história, deputado estadual do Rio de Janeiro e militante dos direitos humanos. Sua história na obra de combate as milicias são extremamente similares ao deputado Marcelo Freixo (PSOL).
Dessa maneira, a linha tênue entre o ficcional e a realidade se rompia de vez, para contar uma trama que comentava, segundo o mostrado em tela, que o problema de tudo era a política em brasileira, com a emblemática cena do congresso.
Com efeito, o sucesso comercial de Tropa 2 foi estonteante. Levando mais de 11 milhões de pessoas as salas por todo o território, era impossível andar na rua sem ouvir falar de algum comentário ou crítica que estava sendo mostrada. Até 2016, essa foi a produção nacional com o maior número de espectadores, mas acabou sendo passada por Nada a Perder – Parte 1 e Os Dez Mandamentos – O Filme, no qual sua polêmica será falada um pouco mais tarde.
Os êxitos financeiros não se mostraram exclusivos do citado aqui, mas em diversas obras também. Para citar algumas durante esses dois anos: Nosso Lar (4 milhões de pessoas), De Pernas pro Ar (3,5 milhões de pessoas), Chico Xavier (3,4 milhões de pessoas), Cilada.com (3 milhões de pessoas) e Bruna Surfistinha (2,1 milhões de pessoas).
Além do blockbuster
Para além das películas mais pipocas, a sétima arte independente no Brasil – como dito na última parte – se fomentava de alguns grandes nomes ainda mais. Um desses destaques foi a parceria dentro do suspense nacional feita por Marco Dutra e Juliana Rojas.
A primeira realização da dupla em conjunto foi Trabalhar Cansa, obra cinematográfica que retrata alguns dramas e reflexões da classe média do país. Apesar de se ater ao gênero, o experimentalismo corre solto com diversos pensamentos e extrapolando a maneira padrão de se realizar cinema.
“O trabalhar Cansa é um filme que começa muito naturalista e aos poucos vai assumindo o código de gênero e ficando mais denso.”, revelou Rojas em entrevista ao Observatório da Imprensa.
Heleno também pode se encaixar nesse quesito. Dirigido por José Henrique Fonseca e protagonizado por Rodrigo Santoro, essa é uma das principais cinebiografias do país nos últimos tempos, gerando um nível de realismo extremo, aumentados pela performance do ator principal. Santoro, inclusive, ganhou diversos prêmios pelo papel.
O futuro
Após esse período, houve uma maior observação do que viria no cinema brasileiro. Porém, o domínio da gigantesca produtora Globo Filmes começa a chegar em limites que jogaram para escanteio qualquer estilo fora da comédia. Com isso, se iniciou uma resistência artística vindas principalmente do Nordeste e do interior de São Paulo, o que trouxe alguns nomes grandes e algumas polêmicas.