Como Bradley Cooper e Lady Gaga melhoraram um clássico
A estreia de Lady Gaga no cinema chegou e veio de uma história já contada há algum tempo. Com três versões que a antecedem, arrisco dizer que essa é a melhor filmagem de Nasce uma Estrela. O filme pode até pecar por alguns exageros, mas acerta em momentos românticos, números musicais e transforma a repetida história em uma experiência extraordinária tanto para os fãs da cantora quanto para os fãs de cinema, que não vão se desapontar, apesar das diferenças com os progenitores. E para quem duvida, segue uma lista das diferenças que fazem esse ser o melhor.
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A protagonista
Barbra Streisand protagonizou a versão mais cool (porém a mais chata) da história. Barbra estava na melhor época de sua carreira quando estrelou o filme. Emplacava sucesso atrás de sucesso, além de seu êxito no teatro e na música. Por isso, apesar de não ter tanta atitude quanto Gaga, tinha a mesma força artística. Ela soube entregar mais drama para a personagem, mas a quantidade de emoção que passa para o público é praticamente a mesma. Dá pra perceber de onde Gaga tirou mais inspiração para compor sua Ally.
Nada como as de Gaga e Streisand, Janet Gaynor levou uma doçura e inocência para a primeira Estrela que existiu: uma estrela de cinema. Inocente como a de Judy Garland, que como Streisand, estava em seu melhor momento quando estrelou a fabulosa versão de 1954. Ela estava confortável no seu lugar de direito e não há ninguém na época que poderia levar a voz necessária para a personagem e tornar o filme em um musical e transformar no que ele é.
No entanto, Gaga está 100% ali. Poderia ter dado muito errado (já vimos acontecer com Beyoncé e Madonna), mas não há dúvidas de que é uma boa atriz. Gaga se entrega ao papel e vemos uma performance digna de uma superestrela. Pode-se dizer que seu maior êxito foi ter se desvinculado da extravagância do inicio de sua carreira e preparar o terreno para esse momento, nos permitindo não ver a Lady Gaga na sua personagem, mas sim o que ela queria passar com a sua atuação. É lindo de se ver.
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As músicas
Se a primeira versão do clássico fosse um musical, tenho certeza que teria músicas parecidas com a versão de Judy Garland. Em 1954, com a base da história sendo Hollywood e não a indústria da música, não poderia ter algo diferente além daquele glamour hollywoodiano que só nossa eterna Dorothy poderia nos entregar. É claro que os duetos com seu par, Mr. James Mason, são excelentes, mas é quando ela canta sozinha que o filme mostra a que veio. Destaque para a maravilhosa The Man That Got Away.
Quando vamos para 1976 nada faria mais sentido do que a história acompanhar o ritmo que dominava o mainstream: o rock. E tinha muito estilo. Kris Kristofferson, com toda sua pose de estrela do rock, junto com a inocência de Streisand transformam a trilha sonora desse filme numa explosão de músicas boas. Destaque para a ganhadora do Oscar Evergreen.
E assim como seu antecessor, o filme de 2018 se passa na indústria musical e o ouro são os duetos de Lady Gaga com Bradley Cooper. Apostando num country rock e no pop, a trilha do filme acerta em cheio, pois consegue trazer aspectos que valorizam a voz da cantora e ainda estreiam Cooper como uma versão mais atrevida do Keith Urban. Não duvido que o Oscar venha, não o de Melhor Filme, mas o de Melhor Canção Original ou para Shallow ou para a emocionante (e responsável por um dos melhores momentos do filme e da carreira de Lady Gaga) I’ll Never Love Again. Nunca vou conseguir secar as lágrimas que ficaram no meu rosto depois que a cantora olhou fixamente para a câmera após terminar de cantar.
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O romance
Num filme de romance o principal elemento é a química do casal principal. Todos os quatro filmes têm esse elemento como forte, permitindo que o público se apaixone e problematize cada momento do casal. É claro que precisamos utilizar da nossa suspensão da descrença ao amor à primeira vista em todos os casos.
Janet Gaynor e Frederic March foi possivelmente a relação mais desenvolvidoa antes de virar um casal, mas também foi a mais abusiva. Acredito que pela forma que retrataram o incomodo do personagem de Frederic com o sucesso da personagem de Janet, torna difícil de estar O.k. com o casal. Mas, é claro, temos que considerar a época que foi feito. Quase o mesmo pode ser dito pelo casal formado por Judy Garland e James Mason. No entanto, o elemento musical intensifica a conexão do público com o casal, criando uma áurea bela e fantasiosa.
O envolvimento que Streisand e Kristofferson possuem é mais sexy do que qualquer outra coisa, apesar de continuar sendo bem abusivo. O rock que dita o ritmo do filme é a coisa que faz o casal obter essa química e nos faz querer que eles tivessem mais momentos de tensão sexual do que realmente temos. E essa sensação faz com que os acontecimentos inevitáveis que seguem o casal fiquem mais pesados. E é isso que pode se dizer de Gaga e Cooper: é um casal que funciona tanto que faz as lagrimas serem dolorosas de sair no final do filme. É um pouco mais saudável, mas ainda incomoda. A química entre os dois tem ambas áureas, sexy e fantasiosa, e quando eles cantam juntos dá pra ouvir a paixão. É um romance gostoso e triste de se acompanhar. Muito bem feito.
O filme obteve êxito em utilizar sua base e melhorar suas características marcantes, sendo emocionante e excitante assisti-lo.