Crítica – Esquadrão 6

Poucos cineastas conseguem criar um estilo tão único que acabam virando um adjetivo. David Lynch, Stanley Kubrick, Alfred Hitchcock, seus nomes se tornaram atalhos culturais para descrever certos filmes, lynchiano, hitckcokiano, fazem parte do léxico da sétima arte. É curioso pensar que, dentro dessa tradição, o cineasta Michael Bay tenha o mais…único, dos adjetivos. Bayhem, Bay somado a mayhem, que significa caos. Apesar da sua farta filmografia que corrobora esse descritivo, Esquadrão 6 talvez seja o melhor modo de descrever o que é bayhem.

A produção acompanha os esforços do esquadrão titular, reunidos por um bilionário misterioso (Ryan Reynolds), em tornar o mundo um lugar melhor, fazendo aquilo que os governos não podem fazer devido a burocracia, “aquilo” sendo, é claro, matar caras malvados. Para fazer parte da equipe, no entanto, você precisa estar legalmente morto, abandonar a sua vida passada, seu nome, para que nada atrapalhe na luta por justiça.

Geralmente, em filmes de equipe, parte da graça é observar a interação dessas pessoas em conjunto, cada um com sua personalidade bem definida e etc. Mas, para isso acontecer, deve haver um mínimo de interesse nos personagens em primeiro lugar, o que não existe em Esquadrão 6. Cada um dos seis integrantes se resumem as suas funções, e todos possuem o mesmo humor sarcástico. Até mesmo o novo membro do time, Blaine (Corey Hawkins), em duas cenas praticamente já esquece de sua família e traumas – algo que é bem definido em sua introdução – e se torna outro piadista.

Mas claro, assistir um filme de Bay e se preocupar com personagens é praticamente um erro por parte do espectador, já que bayhem não é sobre caracterização, ou roteiro, ou uma narrativa coesa. Bayhem é sobre o máximo de coisas possíveis acontecendo na tela, edição impressionista e muitas, muitas explosões – eu tenho quase certeza que uma barraquinha de frutas explode em chamas ao ser atingida por um carro. Muito acontece, mas é tudo inconsequente ao mesmo tempo. O estilo do cineasta caí como uma luva em alguns casos, como no mundo saturado e excessivo de Sem Dor, Sem Ganho, aqui é simplesmente cansativo.

Para um filme cujo os protagonistas estão tão preocupados em fazer o bem, em que o personagem de Reynolds realiza alguns monólogos sérios sobre não aguentar mais a maldade do mundo, há uma certa crueldade nas grandes cenas de ação, que é algo um tanto inédito para o diretor. Não que os trabalhos prévios do cineasta sejam conhecidos pela empatia – mesmo que a cena final de 13 Horas tente exibir um pouco disso -, mas o longa aqui vai um pouco além, com a câmera fazendo questão de mostrar corpos sendo destroçados. Não chega a ser sangrento, é só uma brutalidade inesperada e um tanto desnecessária.

Esquadrão 6 é puro Michael Bay. Um exercício estilístico muito próprio do autor, ou uma espécie de exorcismo dos seus piores impulsos.É um filme excessivo, fragmentado, e, francamente, exaustivo. Para alguns, “Michael Bay sendo Michael Bay” é um grande ponto positivo, para outros, nem tanto.

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *