Crítica – Fubar (Primeira Temporada)

O termo “Fubar” significa, mais ou menos, “Fudido além de qualquer reparo”. Ou seja, basicamente é uma espécie de arma única que pode ser usada contra muitos inimigos e que matará muitos deles. O termo remonta a Segunda Guerra Mundial, contudo tem uma viabilidade interessante e cômica na série Fubar, protagonizada por Arnold Schwarzenegger. Isso porque serve para o mesmo protagonista, Luke, uma espécie de agente implacável, que pode matar qualquer um pela frente, mesmo em uma idade mais avançada. Ao mesmo tempo, é uma forma de resposta ao mesmo, especialmente quando ele tem a descoberta que dá o pontapé inicial a produção: ele descobre que sua filha Emma (Monica Barbaro) é uma agente da CIA disfarçada, assim como ele foi em muitos anos.

De cara, fica bem clara a forma como essa nova série da Netflix vai tentar usar o elemento de choque de gerações. Ao mesmo tempo, também uma trama sobre pai e filha, que, apesar das aparências, sempre foram extremamente afastados um do outro. Uma das cenas do primeiro episódio mostra Luke na festa de aniversário da jovem, entregando um presente, como se a conhecesse perfeitamente. Contudo, aquilo está bem longe do que ela realmente gosta e se interessa. É como se os dois mantivessem apenas na superficialidade ao longo dos anos, mas agora podem se ver de verdade.

Muito da melhor parte de Fubar, criada por , é justamente saber aliar o melhor da ação e comédia de seu ator principal. Schwarzenegger reconhecidamente nunca foi um grande ator, mas sempre teve uma coisa ao seu lado: carisma. Seja pela voz diferente ao falar o inglês tradicional e até mesmo o jeito troncho de andar, ele ganhou destaque nos anos 1980 justamente por isso. Aqui, é como se repetisse a fórmula, só que em uma versão mais velha. Não que a série consiga juntar o melhor do seu astro (ou seja, não conhece ser nem tão engraçada e nem interessante na ação), porém é como se buscasse esse gosto perante a audiência.

Impressionantemente, na verdade, o melhor dessa primeira temporada em seus oito episódios é a construção dramática dos personagens. A todo tempo, Luke recorda das dificuldades que teve de relacionamento com a ex-esposa e mãe da filha, Tally (Fabiana Udenio). Por ser um agente disfarçado, nunca pode realmente estar presente e sempre fugiu de alguns compromissos importantes ao longo da vida. Por isso mesmo, tem o ressentimento com a filha, algo que gera o grande atrito da produção. Essa dicotomia em se dedicar ao trabalho e a família vira a temática central da produção, que saber causar esse atrito de forma recorrente. É como se isso estivesse tão intrínseco a esses agentes, que eles precisam renegar tudo a volta deles, em prol apenas do trabalho – fato reforçado pelas “sidekicks”, Roo (Fortune Feimster), Aldon (Travis Van Winkle) e, especialmente, Barry (Milan Carter).

Claro que Fubar está longe ser algo surreal ou uma unânimidade. Entretanto, é no seu lado mais infantil e limpo que ela ganha o público. Justamente essa ingenuidade que parece tão afastado no mundo da ação contemporâneo, interessado bem mais em uma fisicalidade acima de qualquer coisa. O mérito de  está menos em querer ou tentar soar como um filme de ação dos anos 80. Mas em acabar se traduzindo numa espécie de lado B dos grandes astros do período dos anos 1990, como em O Último Grande Herói ou Pare! Senão Mamãe Atira.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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