Crítica – Modern Love (1ª temporada)

O amor é algo, definitivamente, apaixonante. Impossível não se comover com histórias na qual retratam algo tão puro de quaisquer espécie viva. Isso perpassa casamentos e vai até amizades de longo tempo, amor familiar, uma paixão escondida, a descoberta do amar. Todos esses temas são referenciais para a coluna do New York Times, Modern Love, na qual – agora – transforma-se em uma série da Amazon Prime Video. O objetivo dessa transformação é o mesmo: contar diversas pequenas tramas separadas sobre o amor nos tempos atuais, todos inspirados em histórias reais.

São 8 dessas pequenas narrativas, para ser mais específico. É difícil até, inclusive, analisar essa questão como um todo completo, visto que casos são tratados como diferenciados aqui. O roteirista, diretor e produtor-executivo da obra é John Carney, conhecido por Apenas Uma Vez e Mesmo se Nada Der Certo. Nesses trabalhos, a musicalidade sempre foi muito importante para a construção de seus personagens e até para auxiliar fixamente o enredo. No entanto, o que encontramos nesse seriado é algo deveras diferente. A unidade maior dos capítulos está em torno de como as relações amorosas são uma parte constante da vida de diversas e variadas pessoas ao redor de Nova York (podendo ser do mundo também).

Por isso, o tratado mais importante a esse desenvolvimento é a sua ambientação pela cidade. Não existe uma tentativa de fugir de um certo procedimento de histórias de romance em cidades, contudo é interessante como esse fator eleva cada pequeno arco presente ali. Enquanto podemos estar acostumados com o lado mais “opressivo” do meio urbano, ele é retratado aqui sempre aberto, sendo um aperitivo para as diversas possibilidades. Essas são tão diversas a ponto de abrir margem para um episódio musical, por exemplo, ao mesmo tempo que temos um na qual os personangens principais são bem menos desenvolvidos e explorados.

Essas variações se tornam ainda mais necessárias por se tratar de uma narrativa em busca de compreender esse DNA do amor. Capítulos como o 1º ou o 7º são alguns desses que tentam retratar variações nessa correlação do sentimento. Exemplificando, todo esse quesito romântico está presente muito mais para gerar o lado de coesão dessa primeira temporada do que propriamente interessado em ser um fator idealista – retratando apenas a felicidade dos casais. A busca é muito mais complexa, podendo trazer até significados profundos daquelas histórias para com os telespectadores. Esses, muitas vezes reféns de obras do tipo, parecem estar se conectando mais a uma janela para o mundo real, um preceito na qual era dito do cinema.

Todavia, ao abordar isso, era necessário saber explorar bem todo o lado dramático presente. Isso, contudo, sofre de uma certa falta de incentivo dentro de cada acontecimento. Tudo bem que alguns conseguem trazer isso bem, como o primordial, porém falta uma maior coesão interna. Certos períodos de comédia parecem não ressoar como um padrão, porém aparecem meio aleatoriamente. Desse jeito, há uma certa falta de força para olhar internamente em como os episódios se comportam. Em “Rallying to Keep the Game Alive”, por exemplos, temos esse momento mais destoante de toda a apresentação até aquele momento.

A primeira temporada de Modern Love sabe bem explorar o que quer. Apesar de realmente engrenar sequencialmente apenas no quinto capítulo, sabe bem trabalhar toda a discussão e ambientar questionamentos sobre o amor nas cidades. Afinal, em tempos cada vez mais complexos, discutir temas tão simples, mas tão importantes, merece ser devidamente representado. E nisso essa série sabe bem como fazer. Sabe bem como retratar os diversos sentimentos em torno da vida. Sabe bem como perceber o mundo e suas diversas retratações sobre amor. E, acima de tudo, sabe bem mostrar como esse amor pode estar em qualquer lugar.

Arte da capa por Ana Barbosa

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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