Primeiras Impressões – Grand Hotel

Apesar de diversas imposições e tentativas de barrar os latinos nos Estados Unidos, esses seguem com uma imensa resistência. Essa não apenas expressada pelas atitudes do dia a dia ou até pelo fato de viver, mas também de ganhar destaque dentro das indúsitrias. Um desses destaques é na indústria da música, aonde é possível ver um domínio quase total dos ritmos na música americana. Outro é no audiovisual, na qual esse grupo étnico já esteve muitas vezes relacionado mais ao clichê do que propriamente como pessoas. Pois bem, isso tem sido mudado e toda essa questão contemporânea tem ajudado nesse debate. Por isso, Grand Hotel abre seu espaço quase total para domínio dos latinos.

É interessante como a série não tem nenhum medo de esconder toda suas propriedades. Baseada em uma produção espanhola, a obra adapta todos os elementos arquetípicos para a América Latina. As músicas, a proximidade, a questão sensual e até os romances fazem parte presente na narrativa. Isso tudo envolto em uma camada de mistério, no qual é o grande plot para o desenvolvimento dos episódios. Uma funcionária do hotel é morta logo após ser ameaçada por uma das mulheres de maior força no lugar. O caso parece estar despercebido devido a casamentos e o luxo em torno do mesmo ambiente. Contudo, o irmão dessa não vai deixar barato e quer descobrir quem é responsável pelo caso.

Existe um desenvolvimento intrigante para apresentação dos personagens. Após o início – com a situação da morte -, há espaço para o tabuleiro de xadrez se abrir. Observamos as características dos personagens para tentar entender melhor quais serão suas atitudes. O núcleo principal da família dona do hotel. Santiago (Demián Bichir), o pai, e Gigi (Roselyn Sánchez), sua segunda esposa, acabam travando quase um jogo. Enquanto o primeiro tenta balançear um agrado aos filhos e outro a sua mulher, a segunda busca aliciar o marido ainda mais para ter um controle do hotel.

Determinados elementos, quando aparecem, quase são vistos como vindo de uma novela mexicana. A funcionária grávida de uma pessoa importante do hotel, na qual quer abortar. O rico filho que só pensa em sexo e tem uma problemática pessoal. O hotel luxuoso em um grande problema financeiro. Todos esses elementos orbitam pela trama aonde tem a intenção de serem postos em primeiro plano. Não a toa, parece haver um destaque na escrita dos roteiros por Brian Tanen para esse DNA que transborda pelo lugar.

A câmera, aliás, olha bastante a todas essas situações sem medo de ser afunda. Não há uma tentativa de buscar algo diferenciado dentro de toda a encenação, mas sim coloca de frente. Desse jeito, é possível até relacionar bastante com produções próprias do México, por exemplo, porém não de um jeito pejorativo. Tudo parece soar mais como uma homenagem, em busca de reforçar esses traços particulares e também os colocar em evidência. Nesse sentido, até é possível dizer que parece um seriado na qual busca olhar toda comunidade latina em busca de vanglorizar. Todavia, o ideal aqui – na verdade – é tentar contar uma história, mas colocar em evidência isso.

Grand Hotel parece uma série destinada a entender a si mesma. Não apenas por tudo falado anteriormente, mas também pelo fato da sua própria narrativa buscar isso perante os personagens. As intrigantes, os romances e o suspense principal são somados a toda uma estética para um autoconhecimento do hotel. Não a toa, o “Grand”, do título, pode servir também para expressar essas grandes histórias. Essas, podendo ser como forem, destrincham características profundas desse espaço cenográfico. O hotel, lugar de descanso, aqui apenas serve como forma de se cansar ainda mais. E isso só deixa ainda mais intrigante o que virá pela frente.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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