Crítica – Modo Avião

Em 2020, muitos assuntos seguem discutíveis. O surgimento de um novo e perigoso vírus, a possibilidade de uma guerra impulsionada pela irresponsabilidade do presidente dos Estados Unidos, os problemas da distribuição de água no Rio de Janeiro. As possibilidades e viradas de eventos são imensas e não podem ser previstas, possibilitando apenas um diálogo a respeito. Porém, um fato é indiscutível: o fenômeno que se tornou Larissa Manoela. Apresentada ao mundo como a pequena malvada Maria Joaquina na novela infantil Carrossel, a então atriz mirim só veio acumulando fãs desde então, estrelando sua própria novela na mesma emissora e embalando ainda alguns projetos no cinema. Recentemente, a estrela assinou um contato de três anos com a Netflix, para estrelar filmes originais para a plataforma. E nesta quinta-feira (23/01), chega o primeiro, Modo Avião.

A comédia juvenil segue a digital influencer Ana, que trabalha como modelo oficial da marca de roupas True Fashion. Devido ao trabalho, Ana tem uma relação muito intensa com o celular e as redes sociais, para a preocupação de seus pais. Essa relação passa dos limites quando a moça, que já tem sua cota de problemas no trânsito devido aos eletrônicos, sofre um acidente de carro após um abrupto término com seu namorado (que também é famoso de internet). Ao acordar no hospital a jovem descobre que, para não ser presa pelos acidentes no trânsito, deve passar um tempo com seu avô no interior de São Paulo, sem celular e nenhum tipo de contato com a internet. É lá que Ana descobrirá mais sobre o mundo fora das redes sociais, sobre sua família, seus talentos e sobre amor e até sobre si mesma.

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A comédia, dirigida por César Rodrigues, não tem intenções maiores do que entreter. A história é mais do que familiar, tendo irmãos como Doce Lar, com Reese Witherspoon e Hannah Montana: O Filme, até os primos brasileiros como o filme do seriado “Gaby Estrella”. Dito isso, o maior atrativo do filme é, de fato, Larissa Manoela. Apesar de faltar naturalidade, talento não lhe falta. Mas mais do que isso, o carisma da moça é o suficiente para perdoar qualquer falta de originalidade e embarcar na jornada que sua personagem irá enfrentar, por mais rasa e conhecida que seja. O roteiro, escrito a quatro mãos, não aposta num humor de tirar gargalhadas, mas o elenco competente entrega as falas dispostos a fazer com que ele funcione. O maior problema do texto é a insistência em concluir os conflitos logo depois de apresentá-los. Dessa forma, o longa toma um ritmo quase episódico ao explorar pequenos problemas vividos pela protagonista, não dando tempo suficiente de desenvolvê-los de uma maneira que ela seja realmente afetada por eles.

Algo que é muito valioso, porém, é a produção caprichada. Gravado em São Bento do Sapucaí, em São Paulo, o filme se aproveita bem das imagens fornecidas pela cidade, entregando cenários bucólicos e charmosos. O mesmo vale para os figurinos (desde os exagerados modelitos fashion da protagonista até as roupas simples dos moradores da cidade) também apresenta o mesmo esmero. Isso tudo é refletido no trabalho de fotografia e edição. É muito fácil deixar passar esses fatores despercebidos, mas eles são essenciais para que um longa funcione bem e Modo Avião é a prova disso. Comédias desse gênero, de distribuidoras e produtoras muito maiores, muitas vezes deixam a desejar nesses aspectos, comprometendo bastante o resultado final, como é o caso de Fala Sério, Mãe!, também de Larissa Manoela.

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Modo Avião não vai ser a sessão da Netflix que vai expandir seus horizontes, te fazer descobrir novos gostos e,  dependendo do seu humor, talvez nem te faça rir. Mas uma coisa é certa: o público-alvo está bem definido e definitivamente satisfeito. Se você está ciente disso ao apertar play, dificilmente irá se decepcionar.

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