Crítica – The Eddy

Minisséries tem um atrativo bem óbvio: você possui mais tempo do que em um filme, mas sem o perigo de terminar sem conseguir concluir a sua história. Esse formato tem atraído cada vez mais nomes do cinema para realizar suas produções, como Ava DuVernay e Jane Campion, além de servir como um grande chamariz publicitário.

Assim, The Eddy faz questão de colocar o nome de Damien Chazelle em destaque, funcionando quase como uma espécie de retorno ao mundo do jazz do diretor, que após La La Land, realizou a biografia de Neil Armstrong em O Primeiro Homem. Entretanto, sua autoria aqui é um tanto reduzida, atuando mais como produtor executivo e dirigindo os dois episódios iniciais, ajudando a estabelecer a ambientação da cria do roteirista Jack Thorne.

The Eddy gira em torno do titular clube de jazz, administrado por Elliot (André Holland) e Farid (Tahar Rahim). Após uma tragédia atingir a rotina do clube, Elliot precisa lidar com as burocracias de se ter um clube financeiramente debilitado, enquanto tenta lidar com o relacionamento turbulento que possui com Maja (Joanna Kulig), a vocalista do grupo que gerencia, e Julie (Amanda Stenberg), sua filha de 16 anos que passa a morar com ele em Paris, após brigar com a sua mãe.

Os episódios iniciais dirigidos por Chazelle funcionam como uma benção e uma maldição para The Eddy. Uma benção pois o diretor traz um pouco da energia da sua direção em Whiplash para trazer uma certa crueza para o universo da série, com uma fotografia analógica que exalta a urbanidade das ruas de Paris, e uma maldição pois os episódios seguintes sempre tentam se aproximar do que foi estabelecido por ele, mas falham em construir sequências musicais interessantes, como no primeiro episódio, que possui um momento onde alguns personagens, separados geograficamente, ensaiam a mesma música da maneira que podem, com o som os unindo, criando uma melodia.

A estrutura da minissérie funciona de modo quase antológico, com cada episódio focando em algum membro do clube, como o jovem bartender Sim (Adil Dhelbi). Esse formato tem como ponto forte explorar o mundo da série por diversos prismas, além sempre apresentar algo novo sobre algum tema da série. Entretanto, alguns desses episódios atrapalham o ritmo geral da série, que ainda conta com uma trama central, focada em Elliot. Como resultado, alguns episódios soam como filler, estando lá somente para atingir a cota mínima de episódios, mesmo que de modo isolado sejam interessantes, pouco agregam a história principal.

Mas quando a série se apoia nas tramas que consegue realmente desenvolver, The Eddy realmente brilha e supera todas as suas falhas, e um momento particular no último episódio me emocionou como poucas séries fizeram. The Eddy possui diversos percalços até chegar a esse momento, mas consegue criar um universo muito interessante de se experienciar, mesmo que falte um pouco mais de concisão no seu desenrolar.

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