Coluna do Pedro | Selena Gomez e sua aventura hispanica com o EP Revelación
Depois de uma recepção morna para sua última aventura musical, Rare, Selena Gomez decidiu abraçar suas origens latinas e lançou um novo EP em espanhol. Revelacion, o nome de seu novo lançamento, é um trabalho onde ela não abandona sua sonoridade, mas adiciona interessantes novos elementos. Desde de sua carreira na Disney a cantora já mostrava vontade de trabalhar mais com o mexicano, que herdou de seu pai. Com versões hispanicas e seus principais trabalhos, como “Who Says e Year Withou Rain”, ela finalmente realizou o desejo antigo e lançou um trabalho coeso, mas sem muitas novidades.
A abertura do EP, “De Una Vez”, traz uma letra típica da discografia da cantora. Ela se mostra vulnerável, porém mais forte que antes, e feliz por estar sozinha. Sonoramente, não há nada além dela estar cantando em outra língua. Isso começa a mudar na próxima música, onde o flerte com o reggaeton começa a se concretizar e entrega um refrão animado e perfeito para estar de fundo de um jantar romântico à meia luz num apartamento chão de taco em São Paulo. Mas em contrapartida a música parece longa demais. Não sei se fui eu que me acostumei com a era dos streamings e acho estranho músicas com mais e 2 minutos, mas essa pareceu que estava durando um pouco mais do que precisava.
O que não é o caso de “Baila Comigo”, o single introdutório da era. Essa foi a música perfeita para avisar que era oficialmente uma cantora hispânica, uma junção perfeita de um reggaeton com um pop americano que ela estava acostuma. Os vocais de Rauw Alejandro ainda agregam muito a essa parceria. Coisa que não podemos dizer sobre Myke Towers em “Dámelo To'”. Nem mesmo o seu verso consegue deixar a canção mais interessante. Repetitiva e cansativa. Aqui Selena não consegue trazer a suavidade costumeira e parece que não flui.
Em contrapartida, ela traz seus melhores vocais na seguinte, “Vicio”. Em um reggaeton gostoso, ela dedica 2min40s do seu EP para elogiar os lábios de algum amante e eu só posso agradecer e dedicar esse tempo para aclamar a melhor faixa. E sua sucessora não fica para trás. “Adiós” é menos sexy que “Vicio”, mas traz um divertimento e um respiro que Revelación precisava.
E para encerrar o EP, ela traz “Selfish Love”, sua segunda parceria com o DJ Snake, depois do smash hit “Taki Taki”. Quase abandonando completamente o conceito reggaeton do álbum, ela lança um eletropop que poderia ter saído em qualquer momento de sua carreira. Parecendo o descarte de qualquer trabalho anterior, aqui ela é uma faixa deslocada e abaixo da qualidade sonora de todas as outras.
Selena Gomez não é uma artista conhecida por inovar ou ser completamente inventiva em seus trabalhos. Sempre com batidas e letras genéricas, vocais suaves e parcerias certeiras, ela sabe o que favorece a sua voz, sua carreira e o que vai fazer ela ser tocada nas rádios e adicionada a playlists.. Ela sabe ser genérica e esse EP demonstra isso. Trazendo todos os clichês do reggaeton junto do pop de costumeira, com letras que se traduzidas poderiam estar no Rare, ela consegue um bom trabalho e realizar um desejo antigo.
Revelación veio com a triste notícia de que o seu proximo disco, que ela está trabalhando no momento, será seu último e que ela vai se aposentar por não conseguir lidar com tantas criticas que sofre. É uma perda grande para a música, pois ela a música pop perfeita para tocar em reuniões. Não tem que se ofenda por um bom pop ou que desgoste de ouvir Selena Gomez num almoço de família. Ela tinha seu lugar e vai fazer falta. Espero que repense e continue trazendo boas musicas para momentos simples.
