Primeiras Impressões – Quatro Casamentos e um Funeral
Quando o filme Quatro Casamentos e Um Funeral estreou, há 25 anos atrás, o mundo vivia um período auge da comédia romântica. Com diversas obras surgindo em todo lado nas telas de cinema, as séries também tinham uma força nesse quesito, com o surgimento de Friends, por exemplo – falamos mais sobre isso aqui. Com esse grande boom dos anos 90, era esperado um período até deveras comum de queda e foi o que acabou ocorrendo por bastante tempo. Nos últimos 2, 3 anos é possível ver um retorno da força das produções desse gênero, angariadas principalmente pelos canais de streaming. Um retorno até deveras e impressionantemente triunfal.
Nesse meio, ressurge das cinzas a série Quatro Casamentos e Um Funeral, feita pelo streaming americano Hulu, na qual busca recontar a história do longa. Obviamente não segue todos os traçados pelas mesmas linhas, buscando uma independência relacionando ao universo. Aqui vemos os amigos Maya (Nathalie Emmanuel), Ainsley (Rebecca Rittenhouse), Craig (Brandon Mychal Smith) e Duffy (John Reynolds). Os três últimos moram em Londres e a primeira vem para visitá-los dos Estados Unidos. Isso devido ao casamento marcado entre Ainsley e Kash (Nikesh Patel). Todavia, o casamento entre os dois acaba e os amigos terão de viver todas as situações pela cidade britânica.
Diferente de muito apresentado pela obra original, na qual boa parte da trama gira em torno de Charles – feito por Hugh Grant – aqui existe mais uma equiparação entre os personagens. Apesar disso, é inegável o grande destaque dado a narrativa aos arcos amorosos e profissionais de Maya. Ela acaba passando pelas mais diversas situações, inclusive alterando de uma personagem para outra apenas dentro do primeiro episódio. É algo interessante como os roteiros de Mindy Kaling e Matt Warburton buscam uma linearidade dos acontecimentos, alternando entre cada um de um jeito menos confuso, porém mais hábil a deixar um desenvolvimento.
Esse ponto acaba colaborando bastante a uma certa expectativa gerada pela audiência devido a ser uma adaptação do filme. Pouco comum de vermos casos assim, essa situação traça uma dificuldade para o desenvolvimento desse ambiente, todavia facilita a saber mais de cada um e de seus dramas. Aliás, nesse quesito, os três episódios vistos para escrever esse texto sabem mesclar bem o drama e a comédia, trazendo realmente um clima leve meio inerente aos prtoagonistas. Apesar disso, existe uma certa tentativa de forçar mais nesse sentido com algumas situações mais catastróficas. É impossível dizer que isso funciona, pelo simples motivo de faltar um real envolvimento ali.
Se por um lado falte esse tato para administrar a continuidade na narrativa, por outro a direção sabe bem como por a encenação quase teatral. Isso rememora logo de cara a forma na qual os acontecimentos são retratados no longa, sempre de um jeito meio pomposo sem ser realmente isso. Não existe uma tentativa mais direta de realizar uma refilmagem nesse conceito, porém mais uma nova leitura aos tempos atuais. Inclusive, as referências tentam trazer todo esse lado contemporâneo, com circunstâncias sempre levando a alguma lembrança da cultura pop.
O roteiro do filme, feito por Richard Curtis, sabe muito bem como idealizar as situações dos casamentos e funeral. Aqui, vemos uma série tazendo algo novo, quase do 0, buscando uma consolidação de mundo bastante pessoal e particular. Quatro Casamentos e Um Funeral consegue, assim, deixar ótimos e cativantes personagens em seu caminho, algo que deverá ainda ser melhor explorado dali para frente. Por enquanto, existe muito mais uma expectativa de ver aqueles quase amigos já consolidados. Nesse sentido, é possível perceber uma tentativa de fazer uma comédia como nos moldes de sitcoms. Entretanto, o seriado busca isso andando mais mesmo com as pernas na qual possui.