Os 10 anos de Game of Thrones

O dia 8 de maio de 2011 ficará marcado para sempre na história da televisão mundial. Foi nessa data que, no Brasil, estreou a série de maior sucesso da HBO, Game of Thrones. Na realidade, já havia sido algum tempo antes, no dia 17 de maio, mas apenas nos Estados Unidos e em outras partes do globo. Aqui em nosso país e na América Latina, maio foi marcado como o início de uma obra que mudaria para sempre a cultura pop. Mas analisando, 10 anos no futuro: é possível dizer que GOT mereceu e foi realmente isso tudo que se falou?

Antes de tudo, é importante destacar o retrospecto da HBO no período. A emissora era o grande canal para produções televisivas, especialmente aquelas que buscavam orçamentos maiores – destaque para Band of Brothers, The Pacific e Roma nos anos 2000. Isso somado a grandes dramas e comédias que marcaram época, como The Sopranos e Entourage. Se alguém conseguisse o selo do canal no início de cada um dos episódios, era marca certa de um sucesso quase eterno. Não se transformava apenas em Emmys, mas também público e uma boa quantidade de dinheiro. Enfim, a emissora era reconhecidamente o grande canal para produções. Esse contraste foi construído por ter sido o primeiro canal de TV por assinatura que buscava esse formato e também não tinha medo de arriscar em séries adultas, fato que se iniciou com Oz, em 1997.

Esse contexto é importante para entender que Game of Thrones não era uma aposta por parte da emissora, mas sim uma grande possibilidade de sucesso. Os livros de George R. R. Martin começaram a ser lançados ainda em 1991, no entanto o autor era reconhecidamente um nome vendável. Assim, o investimento feito foi alto e até interessante, em um período que a fantasia se mostrava muito em alta – importante lembrar que as adaptações de Senhor dos Anéis foram o pontapé inicial disso e a vitória no Oscar de 2004 a chancela. Era um período auge, que também trouxe diversos filmes, como As Crônicas de Nárnia, Eragon e Bewoulf. Fantasia não era mais algo de nicho e sim de uma cultura popular.

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Desse jeito foram chamados os agora já aclamados David Benioff e D.B. Weiss, dois nomes bem desconhecidos ainda em Hollywood. O primeiro, na realidade, já havia escrito alguns livros e ainda fez o roteiro de X-Men: Origens: Wolverine e Troia. No entanto, não é nada errado falar que foram realmente pessoas diferentes, que estavam sob a tutela de levar uma aposta de suscesso da HBO. E foi

A primeira temporada é a que mais segue perfeitamente o livro original, A Guerra dos Tronos. Apesar de ser a que menos arrisca em termos narrativos, conseguiu de cara atrair aqueles necessitados de fantasia, ao mesmo tempo que também os fãs do canal. Sexo, batalhas, sangue, traição, e uma curiosidade sobre o que viria pela frente. Esse talvez é o resumo perfeito do que os primeiros 10 episódios trouxeram. Obviamente, os plot twists também, algo que se tornaria recorrente por parte da série.

A audiência também se mostrou boa para o período, angariando diversas pessoas ao redor do mundo. A média, apenas nos Estados Unidos, foi de cerca de 2 milhões e 500 mil telespectadores por episódio. A coisa muda tanto de figura que, no capítulo final da obra, mais de 13 milhões de 600 mil pessoas pararam para assitir. Juntando com os streamings, mais de 19 milhões. Mas aí, Game of Thrones já era um fenômeno quase impossível de acontecer novamente.

Falando sobre o seriado, é impossível não trazer a relevância do seu legado deixado. E divido isso em três caminhos: para o audiovisual, para as redes sociais e para o streaming. No primeiro campo, é inegável que o investimento feito pela HBO há 10 anos se mostrou de extremo sucesso. Pagar alto em cada um dos episódios era certeza de um retorno absurdo disso, algo, até então, pouco imaginado para produções televisivas, e que GOT marcou época; Em segundo, a forma como a produção esteve presente durante os anos 2010 é de forma interessantíssima. Em um momento de mudanças na maneira de consumidor conteúdo e de interagir sobre ele, talvez essa tenha sido a série que mais irá deixar saudade nas discussões de cada episódio exibidos na telinha todo domingo; Por fim, em terceiro, na mudança de como o público foi alternando o consumo dela. Se em 2011 a TV ainda era o mais relevante, quando acabou, em 2019, o público a assistia desde no HBO GO até de forma pirata.

Esses fatores são importantes para compreender como o público também se apoderou do que Game of Thrones foi. Desde o início até a derrocada. Polêmicas a parte, é importante demais ter existido, em um período de mudança na forma que seriados começaram a ser vistos, com a Netflix aparecendo de forma expressiva nessa época, talvez o último grande reduto e momento televisivo tenha sido GOT. Após pouco mais de dois anos de seu fim, ainda estamos marcados pelo que se produziu dali.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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