Primeiras impressões – Creepshow

Publicado em 1982, Creepshow foi um projeto interessante de Stephen King. Inicialmente como uma HQ, a produção virou um filme de certo sucesso com o público fã de terror, por reunir King e George Romero, diretor de A Noite dos Mortos Vivos. Apesar disso, o longa e a obra ficaram um pouco esquecidas dentro do trabalho dos dois, lembrado mais como uma realização cult. Essa lembrança, no entanto, voltou aos olhos do público de horror, pelo fato do canal de streaming Shudder – dedicado ao gênero – realizar uma série antológica, com 7 episódios, baseada nessa apresentação.

A ideia do serviço era não ter algo muito fechado. Por isso, diversos escritores e diretores foram chamado para realizar cada um dos episódios. Na direção, talvez o nome mais conhecido seja de Tom Savini, que comandou o primeiro episódio. Em termos dos roteiros, Stephen e Paul Dini (criador de Batman: A Série Animada) são alguns dos lembrados. Esse conceito também foi importante para corroborar as diferenças entre cada uma das histórias propostas ao longo da temporada. Importante lembrar que em cada novo capítulo lançado, duaas tramas são apresentadas ao público.

Ao trazer isso, a produção não tem medo nenhum de criar algo bem particular. Em tempos do horror estar um pouco em queda na TV, especialmente com a baixa de American Horror Story e o fim de The Walking Dead, é sempre revigorante um seriado na qual busque toda essa relação com o gênero como algo primordial. Nesse sentido, o gore também ajuda, até lembrando bastante a produção Ash vs. Evil Dead. Em outro lado, há uma rememoração de algo como The Twlight Zone, no sentido de brincar com as diferentes e diversas possibilidades de narrativas possíveis, causando uma vontade de assistir tudo que vier pela frente.

Mesmo assim, talvez seria mais interessante para a série consolidar suas tramas em episódios únicos, talvez com 30 minutos ou mesmo maiores. A possibilidade de buscar duas a cada novo episódio funciona, mas pode também não possibilitar melhores desenvolvimentos dos personagens e das possibilidades estéticas. Em um período auge do gênero, essa talvez era uma grande possibilidade de trazer novidades, podendo influenciar – inclusive – o cinema e novas produções para a TV. A não tentativa de brincar com a diversidade própria que o horror tem, como o psicológico, trash, fantástico, entre outros, parece uma busca por se limitar demais.

A junção dos mais diversos elementos causam para Creepshow uma impressão bastante interessante. Em um tempo na qual falta arriscar cada vez mais dentro dos seriados, essa parece uma possibilidade de trazer uma novidade dentro do meio. Não apenas para os fãs já de horror, todavia também para aqueles buscando boas histórias, com a possibilidade de trazer uma revolução e aberturas dentro do universo das produções televisivas. As duas tramas do primeiro capítulo já demonstram bem como pode ser cada vez mais interessante o que pode ser explorado. “The House of the Head” consegue colocar algo minimalista em uma realização na qual pode remeter bastante o feito em Hereditário, por exemplo.

O seriado, no entanto, até agora, ainda sente falta de uma boa base na sua extensão. Se o longa e a HQ de 82 sabiam bem como fazer as histórias funcionarem dentro daqueles elementos de meio (o cinema e os quadrinhos, respectivamente) parece que essa nova versão de Creepshow terá de encontrar sua própria identidade. Não necessariamente é algo bom ou ruim, apesar uma tentativa de mostrar que o terror sabe como viver nesse novo ambiente da força das obras serielizadas.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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