Crítica – Malévola: Dona do mal

Desde o sucesso estrondoso de Alice no País das Maravilhas, em 2010, a Disney achou novamente uma galinha dos ovos de ouro nas adaptações e refilmagens em live-action de suas clássicas obras de contos de fadas. Se por um tempo até outros estúdios tentaram entrar na jogada, com versões mais sérias e sombrias, como Branca de Neve e o Caçador João e Maria: Caçadores de Bruxas, o estúdio do rato permaneceu confiante em suas obras e parece que vai continuar nesse caminho por um tempo. Em 2014, a Bela da vez foi (com o perdão do trocadilho) A Bela Adormecida. Dessa vez, no entanto, com uma reviravolta: a protagonista da história é a icônica vilã da animação, Malévola.

Com uma estrela do calibre de Angelina Jolie no papel principal, o filme homônimo estreou após muita ansiedade do público e foi um dos maiores sucessos do ano, arrecadando mais de 700 milhões de dólares ao redor do mundo. Com uma abordagem com foco no amor fraterno ao invés do romântico e com uma pegada mais feminista e efeitos especiais caprichados, o longa agradou os públicos, mas não a crítica: amargou uma porcentagem de 53% no agregador Rotten Tomatoes. No entanto, dado o êxito financeiro e o sucesso entre os espectadores, não é surpresa que uma sequência fosse planejada, dando à Malévola uma franquia para chamar de sua.

Com direção de Joachim Rønning (que comandou Piratas do Caribe 5), a história se passa não muito tempo após o fim do primeiro filme. Novamente com o auxílio de uma narradora, instaurando o clima de conto de fadas, vemos qe Aurora (Elle Fanning) e Malévola continuam reinando em paz sobre o reino do Moors, as criaturas mágicas que vivem na floresta encantada. Tudo isso é ameaçado quando Phillip (Harris Dickinson) pede a princesa em casamento. Ainda que não seja lá muito de seu agrado, Malévola aceita ir até o castelo do reino de Ulstead para um jantar de noivado, a convite da Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer). Quando os planos da Rainha para o casamento de Aurora e Phillip são anunciados, as tensões entre as duas figuras maternas aumenta cada vez mais, resultando em um grave acidente que coloca Malévola novamente na figura de uma vilã. Enquanto os planos da Rainha para colocar uma guerra em curso se mostram cada vez mais vitoriosos, Malévola descobre cada vez mais sobre seu povo e sobre si mesma.

Crítica 2 | Malévola: Dona do Mal – A Bela acorda e o público adormece

Se o primeiro filme da vilã não era livre de defeitos, uma coisa podia ser dita: ele tinha o propósito de mostrar as origens da personagem e o que motivou suas ações no conto clássico, e ele foi cumprido. Na sequência, isso é ausente desde o começo. Isso fica explícito pelo ritmo do filme: tudo se desenrola muito rápido, desde os principais conflitos até suas resoluções, e as mudanças que os personagens passam durante a trama também. Isso fica explícito principalmente durante a cena do jantar. Fica claro para o público que a Rainha Ingrith não possui boas intenções com as protagonistas e com o casamento de Aurora, mas não há nenhuma sutileza entre os diálogos. Sabemos que aquilo não vai acabar bem e isso acaba enfraquecendo um pouco a tensão que poderia deixar a cena bem mais interessante.

Apesar disso, a trama apresentada não deixa de ser atraente. O embate entre duas poderosas figuras femininas, principalmente se liderado por atrizes como Jolie e Pfeiffer, conduz muito bem a história quando ele finalmente se instala. A introdução de uma nova mitologia e personagens, com o núcleo de Chiwetel Ejiofor e Ed Skrein como os “irmãos” de Malévola, também é um ponto positivo. Ainda que precisasse de um pouco mais de tempo investido nesse aspecto, esse segmento cumpre bem sua função no longa.

É no ato final que Malévola 2 é mais bem-sucedido. Embora os dois atos anteriores apresentassem seus respectivos problemas, eles constroem de maneira muito eficiente os grandes conflitos do último, resultando em grandiosas cenas de batalha entre seres aladas e guardas reais. Visualmente, é uma das melhores cenas do ano, com cores vibrantes e uso efetivo de cenários computadorizados e práticos, de maneira orgânica, sem nunca parecer gratuito ou abusar dos efeitos especiais. Há claras influências de filmes como Star Wars: Os Últimos Jedi Avatar, da melhor maneira possível.

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No fim do dia, esta nova empreitada da Disney é mais um exemplo claro da produção de conteúdo que visa números e não a valorização de uma boa história a ser contada. Ainda assim, com suas muitas falhas e exageros, Malévola: Dona do Mal é uma sequência que consegue expandir o mundo do antecessor de maneira interessante, trazendo visuais incríveis e um time talentoso fazendo o que pode com personagens exagerados e quase caricatos, mas acima de tudo, divertidos de se ver. Você não precisa ir correndo aos cinemas gastar seu precioso salário com este filme, mas caso necessário seja, peça a melhor pipoca da bombonière e se divirta.

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