“Eu olhava muito para as fotografias de época para tentar absorver ao máximo aquelas expressões e a vida que as preenchia”, conta João Pedro Zappa
Com apenas 31 anos, João Pedro Zappa toma a frente como um dos grandes atores da atual geração no Brasil. Iniciando a sua carreira ainda na televisão, com algumas novelas, ele foi aparecendo para o cinema aos poucos ganhando mais visibilidade e espaço dentro de outros meios de atuação. Com isso, ele apareceu com grande destaque no teatro e no cinema, especialmente a partir de Boa Sorte, de 2014.
Entretanto, o destaque mais internacionalmente veio a partir de Gabriel e a Montanha, de 2017, na qual apareceu nas telas do Festival de Cannes nesse mesmo ano. Em 2018, realizou Rasga Coração, outro projeto que ganhou bastante visibilidade no Brasil, chegando a ver o longa ter sido indicado para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Isso tudo apenas culminou com seu papel do aviador Santos Dummont, uma das figuras mais importantes da história brasileira de todos os tempos. Ele realiza na série de mesmo nome, na qual está sendo exibida pela HBO. Porém, se é possível falar sobre os três personagens em conjunto, João apenas diz que eles possuem “muita paixão no seu ideal de vida”, assim como parece ter o próprio ator.
Senta Aí: Como foi o estudo e pensamento para realizar o Santos Dumont?
João Pedro Zappa: Eu li os livros que ele escreveu e publicou em vida, tentei perceber como ele organizava o pensamento. Além de consultar suas biografias também. Eu olhava muito para as fotografias de época para tentar absorver ao máximo aquelas expressões e a vida que as preenchia. Tentava interiorizar as sensações que eu intuía das imagens.
Também precisei me dedicar a um intensivo de cinco meses de francês, pois eu não falava o idioma. A maioria do meu texto e da série é em neste idioma, pelo fato de a história se ambientar em grande parte na França.
SA: Seus três papéis mais recentes (em Gabriel e a Montanha, Rasga Coração e aqui) são extremamente variados e diversos em personalidades. Como você acha que eles se diferenciam e se aproximam?
JPZ: Que pergunta interessante!
Cada um desses personagens acreditava com muita paixão no seu ideal de vida. No entanto, por serem ideais distintos, em diferentes lugares e épocas do mundo, evidentemente que os caminhos de estudo são outros. O Gabriel e o Santos Dumont são pessoas reais, enquanto o Manguari de Rasga Coração sintetiza muitos homens reais de sua geração. O que os três personagens têm em comum é a humanidade latente dentro de si. Embora, isso se manifeste de formas diferentes em cada um deles.
SA: Como você vê a importância dessa série para o público brasileiro, especialmente pela sua história quase nunca ter sido rememorada no audiovisual?
JPZ: Fico feliz e honrado por ajudar a finalmente contar essa história, que é a nossa história! Estávamos devendo mesmo. Não é uma produção nada simples, mas faz bem para a saúde da cultura e até pra autoestima de um povo relembrar seus ícones que entraram pra história por romper barreiras e contribuir para o progresso da tecnologia e da humanidade.
SA: Como sente que a série poderá atrair um público mais jovem?
JPZ: Tá muito irado, galera! (risos) Mas, real, tá alto nível a série e a gente vê um Santos Dumont no auge da jovialidade. E é legal ir acompanhando conforme ele vai amadurecendo. E o roteiro é bem dinâmico, tem muita aventura, mas com profundidade.
SA: Vivemos em um período com uma imensa quantidade de séries gigantescas surgindo, além de cada dia novas produções. Para você, qual a importância de Santos Dumont ser uma minissérie?
JPZ: Eu, particularmente, gosto muito da ideia de ter tempo para contar uma história. Em uma minissérie, a história não precisa ser contada em apenas duas horas, como em um longa, mas é necessário fazê-lo com precisão, pois são apenas seis episódios. Assim é possível manter a qualidade cinematográfica em todos os planos. E a HBO tem grandes títulos nesse formato. A história de Santos Dumont merecia uma produção como essa.