Raios e Trovões e o encanto do Castelo Rá-Tim-Bum
Completando 25 anos em 2019, o Castelo Rá-Tim-Bum segue sendo uma das mais bem sucedidas produções infantis do audiovisual brasileiro. Desde a exibição de seu primeiro episódio, em 9 de maio de 1994, as aventuras de Nino, um garoto de 3000 anos, e de seus amigos Zequinha, Pedro e Biba no Castelo continuam conquistando a atenção daqueles que um dia se encantaram com o seriado. Além disso, ainda é possível ver diversos e variados derivados em outras mídias – como exposições, livros e musicais. E, no início deste mês, os fãs ganharam mais um importante registro desse legado, o livro Raios e Trovões: A história do fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum.
Trazendo mais de 30 entrevistas com atores, executivos, bonequeiros e outras pessoas da equipe relacionadas a produção da série, Bruno Capelas recria a trajetória do projeto até os dias atuais, através do processo de criação de personagens e cenários, rotinas de gravação e curiosidades dos bastidores.
“Eu queria entender mais porque o castelo deu certo, porque ele ainda funcionava, mas não encontrava as respostas”, cona Bruno em entrevista ao Senta Aí. “Tem um escritor que gosto muito que diz que se ninguém escreveu o livro que você quer ler, você deveria escrevê-lo. Então eu escrevi.”
O jornalista conta que a ideia de escrever sobre o Castelo nasceu na época em que precisava escolher um tema para seu TCC. Ele, assistindo um episódio com sua irmã – 10 anos mais nova -, percebeu o fascínio que assistir a série ainda o causava.
“Eu vi que estava assistindo sem refletir muito. Logo pensei ‘eu sou adulto, por que estou vendo Castelo? E nem tô pensando em mudar de canal’, percebi que ali tinha alguma coisa”, relata. Aliás, fascínio esse que nasceu em sua infância e o acompanha até hoje, com 27 anos. “Eu faço parte da Geração Cultura, que cresceu nos anos 90. Mundo da Lua, X-Tudo, Rá-Tim-Bum, Cocoricó…eu fiz parte dessa geração.”
Em 2014, em comemoração aos 20 anos da estreia do seriado, a TV Cultura realizou uma exposição que trazia diversos elementos que homenageavam a produção. A apresentação de fotografias, recriação dos cenários, exibição de reportagens, mostra materiais originais e entrevistas com o elenco levou mais de 400 mil pessoas ao Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Toda esas questão reascendeu ainda mais a memória das crianças impactadas pela obra. E foi uma das grandes facilitadoras do trabalho de Bruno, na qual conseguiu, nessa época, entrar em contato com a maioria dos profissionais envolvidos na produção.
Criada por Cao Hamburguer – responsável pela recente Malhação: Viva a Diferença -, a série é ainda hoje a mais cara feita pela TV Cultura. Suas gravações duraram um ano e meio, que renderam 90 episódios e um filme, divididos em quatro temporadas. E a direção era de Anna Muylaert, também diretora do aclamado Que Horas Ela Volta?.
Em tempos nos quais a TV aberta brasileira produz cada vez menos conteúdo voltado para as crianças, Capelas acredita que o Castelo foi um dos últimos produtos para esse público que realmente atingiu a massa. “Assim como nós deixamos a TV aberta para ver algo na Netflix, por exemplo, as crianças também. Hoje também há sucessos, e eles tem milhões de fãs, mas é muito mais nichado. O conteúdo tem mais divisões, entre crianças com e sem acesso”, afirma. “O castelo foi o último programa que poderia ter dado certo na TV aberta, numa época sem internet e sem TV paga, numa série de condições que um programa de TV aberta infantil podia ser um sucesso.”
Todos os episódios da série estão disponíveis gratuitamente no Youtube.