Feral Roots consolida Rival Sons como uma das grandes bandas do rock atual
Nascido em 2008, o Rival Sons talvez seja uma das bandas mais unânimes do rock atual. Apesar do seu sucesso estar muito mais atrelado ao nicho do hard rock, o grupo consegue trazer uma pegada próxima ao estilo de nomes como Led Zeppelin e Rolling Stones, porém buscando uma sonoridade atualizada – utilizando-se até de batidas próximas ao hip-hop. Eles, diferente do recém-nascido Greta Van Fleet, construíram uma originalidade e DNA bem característicos. As referências são muito mais elementos estéticos nas canções do que propriamente algo específico geral dos trabalhos.
Sendo assim, agora no início de 2019, eles lançam Feral Roots, o mais novo álbum. Não apenas soando como um amadurecimento musical (agora a pegada parece bem mais um stoner rock), a produção consolida o nome do Rival Sons como uma tendência mundial. Parece, ainda mais, a consolidação de algo totalmente próprio, objetivando um traço totalmente artístico e quase puro da música. É incrível como tem-se no mundo cada vez mais bandas perdidas dentro da sua sonoridade. Porém, esse não é o caso deles.
“Do You Worst” abre o CD com uma pegada extremamente pesada e essa mistura rítmica já presente. Desde o riff principal, é impossível não mostrar a visceralidade dos componentes. Todavia, o refrão cantado quase como um coro é, além de perfeito para concertos, uma crescente musical. Característico de algo mais recente da música, essa junção já apetece como em nenhum momento eles parecem estagnados no tempo. “Sugar on the bone”, a continuação, já transforma toda essa levada quase em metal, ao buscar uma voz gritada – não gutural – do vocalista Thomas Flowers. Novamente, as vozes de fundo compõem quase um elemento estético da faixa, ao soarem sempre próximas da guitarra. É, definitivamente, uma faixa mais direta, quase abrindo uma tendência expressa no trabalho.
O álbum prossegue com “Back in the Woods”, uma canção que reforça bastante da ideia do stoner rock. A levada é quase uma mistura de um pop-rock, metal, hard rock e blues. Toda essa construção de gêneros gera definitivamente uma unicidade perfeita para captar o ouvinte, sendo quase impossível não balançar a cabeça. A bateria de Michael Miley é talvez o elemento fundamental aqui, por ser o condutor narrativo da música, além de modificar as levadas de ritmo de forma totalmente natural.
“Look Away” e “Feral Roots” marcam um momento de calmaria no trabalho. Ambas as faixas, compostas em grande parte com violão, compõem uma atmosfera pertinente para toda a ideia da animalidade presente em nós, uma espécie de temática geral. Na primeira, há uma mistura em um lado mais calmo, relembrando faixas acústicas de bandas de power metal, porém quando aparece em seu momentos mais vibrante, ela parece fugir um pouco do início. As guitarras misturam, assim, riffs mais fortes com outros leves. Já a segunda assume uma pegada bem mais folk, mas se exibindo em um lado quase épico nos refrões. O título, de raízes selvagens, em tradução livre, ainda traz uma atmosfera quase pessoal desse conceito todo procurado. É um meio termo perfeito.
Na sequência, “Too Bad” estabelece uma pegada mais próxima de um rock tradicional. Não apenas na levada, mas também na progressão musical. Há uma clara lembrança a um blues-rock mais clássico, até um certo parente distante de grupos como Aerosmith. Todavia, como em todos os seus trabalhos, tudo é levado a um experimento quase de grunge, rememorando bastante Alice in Chains. A continuação, com “Stood by me” continua em uma mesma carregada, trazendo novamente os vocais de fundo quase de coral. Claramente, é possível observar como o blues clássico está presente aqui, desde as vozes até o baixo sempre presente. “Imperial Joy” completa a trinca, em uma natureza totalmente voltada a um rock de estádio e épico.
“All Directions” se assemelha a uma faixa quase totalmente musical. O ambiente parece ser muito mais interessante em toda essa mistura de vozes em coro (continuando nessa concepção) e nas guitarras acompanhando o crescimento, que lembrar até canções famosas de igrejas americanas. Ao mesmo tempo que é impossível não relacionar a um indie rock mais clássico, preocupado nesse lado atmosférico. Entretanto, “End of Forever” parece ser um contraponto bem elaborado. É um retorno ao hard rock da atualidade, sempre com um DNA próprio. Existe uma autorialidade tão direta, em que os coros perdem espaço para os gritos do vocal principal e de uma guitarra prevalecente.
O fim é com “Shooting Stars”, na qual entra de vez toda essa ideia de coro e um lado bem gospel americano. A progressão musical é extremamente conectada em tudo isso, desde o uso de violões até o crescimento com os instrumentos mais elétricos. Parece ter sido retirada de algo musical de rock, bem clássico. É impressionante como os integrantes sabem aonde querem chegar na faixa apenas na maneira de realizá-la. O conceito se finaliza dentro de uma também progressão da produção.
Feral Roots, ainda que sej um dos primeiros lançamentos do ano, já entra na fila dos grandes álbuns do ano. Não é apenas um trabalho para colocar ainda mais o nome do Rival Sons como uma das grandes bandas de rock da atualidade, assim como rivalizar com o Ghost nessa mistura de gêneros. É algo novo, na qual os estilos musicais precisam ainda estar mais atentos, porém a ideia de grandes grupos lotarem estádios parece estar realmente de volta a cabeça do público. E o Rival Sons parece ser um verdadeiro herdeiro direto disso.