Leaving Neverland: Análise crítica da polêmica sobre Michael Jackson
“Leaving Neverland”, o novo documentário polêmico sobre os supostos abusos sexuais cometidos por Michael Jackson nos anos 90, estreiou recentemente e já trouxe inúmeras discussões.
Carregado de relatos detalhados por Wade Robson, famoso ex-coreógrafo, e James Safechuck, antigo ator mirim, as quatro horas documentadas revisitam as memórias da infância dos homens que afirmam terem sido abusados pelo Rei do Pop.
Em termos de edição e montagem, entretanto, a obra é carregada de um conteúdo tendencioso e que usa de artifícios que manipulam o público, como uma trilha sonora emocionante e fotos das vítimas quando crianças, contrastadas com os relatos de cunho sexual.
Além disso, a narrativa também tenta se manter sem pontas soltas, com uma timeline perfeita e nenhuma incongruência, exatamente por deixar fatos de fora, como as investigações feitas pelo FBI durante 10 anos à procura de algum indício que pudesse culpabilizar o astro. Ou o fato de Wade, em 2011, ter leiloado itens de colecionador por estar precisando de dinheiro e com o casamento por um fio. Ainda que seja verdade e que seja comprovado que Michael Jackson de fato abusava de crianças, este não é o material que o fará, por ser carregado de relatos questionáveis feitos por pessoas de índoles igualmente questionáveis. Mães que, na ânsia de terem reconhecimento através de seus filhos, fizeram e provavelmente fariam de tudo pra ter esse gosto de fama novamente.
O documentário, portanto, deve ser analisado pelo viés que se pretende, sim, mas de maneira imparcial pelo espectador que precisa deixar as emoções de lado e buscar, por si mesmo, balancear os relatos com os fatos do outro viés. Até porque o outro lado não pode mais se defender por si mesmo e a obra tem todos os indícios de ser um grande arrecadador de fundos. Quem não pagaria milhões por um conteúdo exclusivo como esse, no aniversário de 10 anos da morte de Michael Jackson? A HBO que o diga.