Lorde faz show irradiando maturidade em sua primeira visita ao Rio

Pela primeira vez em solos brasileiros, a cantora neozelandesa Lorde comemorou seu aniversário de 26 anos com o público, mas quem ganhou presente foram os fãs. Voando diretamente do também inédito festival Primavera Sound São Paulo no dia anterior, a cantora chegou aos palcos do Vivo Rio numa típica terça-feira com uma coletânea especial de músicas que contemplam tanto sua nova tour, a do recente álbum Solar Power, a já clássicas de seu começo com Pure Heroine e o querido pavimentador Melodrama.

Em sua companhia, a abertura ficou por conta da banda Japanese Breakfast, projeto musical de indie rock/pop liderado pela coreana-americana Michelle Zauner, cantora, compositora e mais recentemente autora, que adjunto da companhia de Lorde no line do Primavera, também marcou presença em São Paulo para a divulgação de seu livro. O setlist foi bem íntimo, e apesar de sua fama não ser comparável com a headliner da noite, Michelle e sua banda exalaram simpatia e recepção. Assim como em outro shows da tour, o tom expansivo de marcha da querida “Paprika” foi responsável pela abertura, e com famosos como a revigorante “The Body is a Blade”, “Boyish” e a ainda mais tradicional “Everybody Wants to Love You”, não deixou de embalar a agitação do público carioca.

A delicada balada “Posing for Cars”, um dos carros chefes de seu último álbum Jubilee, deu direito a uma serenata de lanternas de celulares, e Michelle se despede de solos brasileiros com a força do baixo de “Diving Woman”, com direito a uma pequena parede de som final onde guitarras mas principalmente o sax se faz muito presente, instrumento de adição na banda para a turnê.

A cantora Lorde trocou de figurino três vezes durante show no Rio

Lorde marca sua presença de seu jeito mais do que já reconhecido. A performance é algo que vem desde seus primeiros passos, e a silhueta da cantora clareia o palco com tons de amarelo, tema pertinente de sua nova fase e banda com o Solar Power. A introdução ficou a par do álbum mais recente, mas que já deixa claro a seleção multifacetada com a explosiva “Homemade Dynamite”, deixando claro que o público carioca já esperava em euforia. “Buzzcut Season”, um de seus primeiros singles e mais queridos hits, embala em uma sequência que, mesmo com palavras melancólicas, não deixa de agitar a plateia, que fez questão de dançar ao seu modo e clima todas as músicas.

Singles mais recentes como “Stoned at the Nail Salon” e “Fallen Fruit” marcaram a segunda parte do set. A entrada de “Liability” teve direito a um pequeno e tocante discurso da cantora, refletindo sobre sua jornada de carreira que começou com apenas 16 anos, e marcando 10 anos do acontecido, o abraço do público brasileiro pareceu tocá-la. Não deu outra: o conteúdo melancólico de uma das baladas mais tristes de sua carreira teve um efeito concreto na plateia, que visivelmente deu as mãos a suas reflexões e em meio as lágrimas, tampouco não deixou de dançar a batida.

“Supercut” e “Perfect Places” agitam ainda mais o clima do show, que em meio a três mudadas de figurino da cantora, em nenhum minuto deixou a batida morrer. O hit mundial causador de sua aclamação “Royals” marcou sua última volta ao palco, e com mais um coro de parabéns dedicado, deu um último papo com a galera sobre abraçar os pequenos desejos da vida. O presente, no final, realmente foram os seus fãs: uma votação foi feita entre as canções “Team” e “A World Alone”. Com uma diferença notável de preferência, o público carioca se despede com uma apresentação de “A World Alone” mais que radiante de paixão (especialmente pelo Brasil, diga-se de passagem), maturidade e reflexão de uma artista que mesmo crescendo com os holofotes, nunca deixou de expressar sua mais sincera melancolia, e nessas passagens do que é ser um jovem e adulto, garante até hoje sua ascensão como ícone de sua geração.

Comentários

Clarissa Ferreira

Carioca, estudante de jornalismo e aspirante a diretora. Montadora de playlists profissional, puxa saco de mulheres na arte em geral e ativista em prol do cinema em tempo integral. Nas horas vagas, escrevo sobre filmes como forma não só de entender mais esse mundo mas buscar com que outros entendam e amem também. Vocês podem me achar pelo Twitter e pelo Letterboxd como: @clariexplains.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *