Lucas Marques e seu rock independente

A cena independente brasileira é rica. Temos muitos artistas que estão produzindo muita coisa legal por ai. Esse é o caso de Lucas MarquesEle, apesar de ter começado recentemente, já possui no repertório um álbum, o Cinza, e recentemente lancou seu mais novo EP, Agridoce. E, assim, vindo com um histórico de músicas que tratam de tristezas, Marques apresenta seu novo trabalho que, como o nome sugere, possui canções com temática e instrumental mais esperançado.

Ao longo das faixas ele consegue atingir um tom onde a positividade se encontra o pessimismo e produz músicas que possuem aquele ar nostalgico que é presente no estilo musical do garoto. Por exemplo, a abertura “Do Chão Não Passa” é um rock leve que trata de entender que tudo tem sua solução e não adianta se desesperar, resumindo: já tá ruim mesmo, não tem problema se ficar pior, uma hora se resolve.

“Oculpação” continua com o rock leve, mas com uma temática que pode se dizer até deveras romântica. E é nessa faixa na qual é possível perceber que, sim, existe referências brasileiras em seu trabalho; mas, possivelmente, a principal fonte de inspiração são bandas de rock independentes dos EUA. Não dá para dizer exatamente de qual banda especificamente, mas dá pra ver que tem algo que grita: rock indie americano!!!!!

E em “Outono em Fevereiro”, ele explora uma festividade tipica do Brasil e suas frases/letras de músicas icônicas. É até trabalhado um visual ritmo e iconográfico próprio pelas letras. No entando, a voz baixa tira o ouvinte da experiência da música, assim como o refrão, que mais parece um pré refrão. Ele nos faz acreditar que a música vai estourar para algo mais alto, mas nunca acontece. Porém, o uso da bateria na faixa é ótimo.

Na faixa título, Marques mais uma vez apresenta uma faixa ambigua, que transita entre o positivo e o pessimismo. É ótima, mas não tanto quanto “Éter”, que é minha favorita – pessoalmente – e fecha muito bem o álbum. É uma faixa que entrega a letra mais interessante e que têm o instrumental remetido bastante aquelas clássicas pegadas mais suaves da MPB. Quando ele entoa “Meu cais é o caos” é forte e finalizar assim deixa curiosidade para o que vem depois.

A arte de capa do EP segue o padrão da arte do primeiro album e remete ao conteúdo do album, algo ótimo para o artista buscar uma identidade bem própria. Acredito que a produção poderia ter sido mais acertiva em algumas decisões tomadas, como o constante tom baixo e abafado da voz. Sendo assim, Agridoce é um bom trabalho de um artista independente, contendo boas letras e instrumental interessante. É ótimo saber que existem artistas tão legais por aqui. Talvez deveríamos valorizá-los um pouco mais.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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