Cobertura Festival do Rio 2018
Nessa postagem falaremos sobre todos os filmes vistos durante o Festival do Rio 2018, com breves comentários sobre todos. Os que tiverem críticas com maiores detalhes dos longas em si estarão com o link embaixo:
- 1. A Pé Ele Não Vai Longe
Nota: 3/5
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- 2. Infiltrado na Klan
Nota: 4,5/5
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- 3. Guerra Fria
Nota: 4/5
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- 4. Skate Kitchen
Nota: 3/5
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- 5. O Peso do Passado
Nota: 3/5
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- 6. Vida Selvagem (Wildlife)
Nota: 4,5/5
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- 7. O Favorito (The Front Runner)
Nota: 3,5/5
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- 8. Faca no Coração (Un Couteau Dans le Coeur)
Há uma tentativa do cineasta francês Yann Gonzales de fazer uma obra mais sensorial e estética do que propriamente uma narrativa. Mesmo assim, ele teima ainda em trazer essa trama para desenrolar e alinhá-la a uma visualidade única e até bem peculiar, pautada principalmente no vermelho do amor e no azul da frieza. Todavia, é aí que mora o maior defeito do filme: não saber aonde quer chegar nessa junção.
Existem determinados momentos funcionais e até uma comicidade de humor negro trabalhadas de forma a aumentar essas sensações do mundo homossexual, visto que a história fala sobre uma diretora de filmes pornôs gays e a tentativa de descobrir um serial killer. Essa comédia se dá, principalmente, nas situações das mortes, sempre meio bisonhas e com uma trilha sonora à base de sintetizadores. Já os momentos mais contemplativos se pautam na dualidade de cores (como dito acima) e em situações meio sexys e meio vergonhosas. Não existe equilíbrio nenhum dentro disso tudo, corroborando todo esse problema estrutural da película.
É um trabalho perdido, podendo funcionar bem mais integrado em uma obra experimental. Apesar de utilizar esses elementos – e é aonde se torna mais funcional -, Gonzalez parece sempre obrigado a seguir uma estreita narrativa, gerando um tom totalmente degringolado.
Nota: 1,5/5
- 9. Matangi/MAYA/M.I.A.
Nota: 4/5
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- 10. Morto Não Fala
Atualmente, o cinema brasileiro têm se pautado em uma grande renovação dentro do gênero de terror, que deve seu auge com o Zé do Caixão durante os anos 70 e 80. Se há uma reimaginação dessa maneira de contar histórias, diversas vias estão sendo abertas para os mais diversificados cineastas, com alguns indo para lados mais psicológicos e outros buscando o explícito, o trash, como é o caso de Dennison Ramalho aqui.
O trabalho do diretor possui dois lados e duas metades bem distintas: uma voltada à criação de expectativa e outra em busca de um susto mais barato. Se na primeira tudo parece natural dentro desse universo e ocorre uma construção de personagens pelas suas características básicas, na segunda é atribuído um valor mais comercial à produção. Dessa maneira, os jump scares de sons altíssimos são utilizados e a sutileza se perde para o escatológico. É óbvio que o público não pode reclamar disso, pois desde o início é estabelecido a grande quantidade de sangue, porém isso vai se tornando menos sugestivo, transformando o longa em um trash bem B.
Esse lado mais fantasioso se torna também um elemento chave na continuidade da narrativa, trazendo uma parte fantástica até intrigante. Se é possível para alguns telespectadores trazer metáforas desse segmento, acaba por ser necessário uma maior explicação da situação decorrente, fato realmente nunca alcançado. Essas sequências mal ditas são bem exemplificadas em momentos como as cenas dentro do necrotério e o contato dos filhos para com o sobrenatural.
Morto Não Fala é um projeto que poderia dar muito mais certo se tivesse um foco em mente, porém acaba sendo uma grande amálgama de excelentes ideias pouco exploradas. Todavia, é impossível dizer não ao talento de Ramalho dentro do gênero, deixando os olhos abertos para o futuro de sua carreira.
Nota: 2,5/5
- 11. Adam
Formalmente, é complicado analisar um trabalho extremamente simplista. E é isso que esse filme dificulta dentro do próprio público, em não conseguir capturar ou trazer praticamente nada. Em uma história sobre um menino com deficiência auditiva, na qual mora sozinho, busca um amor e ainda deve lidar com sua mãe internada, era possível construir uma narrativa de diversas formas e com diversos detalhes. Porém, a diretora Maria Solrun prefere trazer uma ideia mais cotidiana do protagonista Adam (sim, o mesmo nome do longa) e entender os acontecimentos a sua volta como meras consequências.
Se algo pode ser destacado é a tratativa do roteiro com o conceito de mortalidade. Presente desde o início, a obra trabalha esse sentido de diversas formas no decorrer da trama, dando um maior destaque para a relação de mãe e filho. Ao mesmo tempo que traz um lado sentimentalista, como nas cenas de gravações mais “antigas”, mas perdendo esse sentido ao passar para a apatia do personagem ao seu lado materno, mesmo se vangloriando dele. Essas difusas situações constroem bem o sentido de “até onde vamos na vida?”, entretanto de uma forma extremamente superficial.
Solrun parece ter trazido bastante do trabalho de Xavier Dolan, buscando diversos sentidos e sentimentos trazidos por esse cineasta em suas películas. Um muito claro é o desenvolvimento do amor de uma maneira mais pura, como algo onipresente na vida de todos. Aqui, Maria até traz isso, por exemplo, nos closes na única cena de sexo, tentando entrar na intimidade daquele casal sendo formado. Todavia, o pouquíssimo tempo para desenvolver essa questão, leva a ser apenas mais uma superficialidade feita.
Nota: 3/5
- 12. O Dia que Resistia (El dia que resistia)
Uma floresta densa e pesada com apenas uma casa no meio dela. Três crianças vivem nessa casa à espera de seus pais. Com base nesse preceito e uma ideia efervescente para um longa de terror, O Dia que Resistia poderia sim ser classificado como um terror mais psicológico, sem esquecer seu lado dramático muito presente. Afinal, uma história sobre falta dos pais é dramática para o lado infantil de cada pessoa por si só.
O comando da cineasta argentina Alessia Chiesa é um pouco desbalanceando dentro dessa progressão narrativa. Em primeiro momento, porque parece não entender muito bem o que fazer com a trama, baseando-se em situações repetitivas para emendar em uma solução já trazida em cenas anteriores. Já no segundo lugar, ela também constrói elementos visuais nos primeiros 30 minutos para esquecê-los posteriormente, como é o caso de deixar os cortes mais claros nos instantes de brincadeiras e trazer para o contemplativo com câmera parada em sequências dentro da mata.
Entretanto, Chiesa sabe com louvor construir a tensão criada em pequenos momentos para levar à um ápice assustador e sem tantas respostas para o público. Ao ela não precisar contar pequenos detalhes da construção desse universo – por exemplo, como os pais sumiram? O que eles foram fazer? -, a obra se baseia em uma relação totalmente interligada dos irmãos, trazendo os laços pessoais que os mesmos tem para a audiência. Com isso, a ausência de qualquer um do grupo é um temor absurdo, vide a cena da irmã mais velha olhando para o total escuro procurando a mais nova. A câmera, nessas circunstâncias, faz um papel de primeira pessoa, sempre nos trazendo na pele o sentimento da cena. O mais chamativo disso tudo é a construção desse suspense, feita momento por momento, até o grande clímax.
O terror também é progressivo dentro da trilha sonora de Alfonso Fortino. Aumentando sempre o silêncio ensurdecedor da floresta, ele cria uma expectativa sempre frente de onde é realmente esse lugar. O temor, nunca demonstrado pelas crianças, passa para a audiência, sem saber o que realmente esperar. E quando não se há conhecimento sobre alguma coisa, é aí que o medo constrói a cabeça humana.
Nota: 4/5
- 13. A Árvore (DRVO The Three)
Se utilizar de uma narrativa extremamente lenta e contemplativa para contar uma história sobre guerra, analisando a humanidade e quem nós realmente somos parece algo vindo diretamente de Andrei Tarkovsky. E até é, com seus diversos trabalhos marcantes como Solaris, Stalker, O Sacrifício, Nostalgia, entre outros. Porém, aqui estamos falando do cineasta português André Gil Mata, realizador de uma obra com pouquíssimos acontecimentos, mas repleta de conteúdo dentro de si.
Mata busca uma abordagem bem única de uma guerra: a solidão. E para colocar isso a frente dentro de sua história, ele se utiliza basicamente de 95% da mesma. Ao mostrar o personagem mais velho colocando água para as pessoas e indo até o outro lado do rio pegar mais água, a direção não tem medo algum em acompanhar todo o processo, segundo a segundo, em longos planos sequência. Poderia ser meio enfadonho – e, para alguns, até é -, todavia essa caminhada gera uma sensação de angústia da vivência naquele lugar. Além do fato da coragem, visto que ele houve bombas o tempo todo à sua volta.
Com o outro personagem dessa história, o menino mais novo, tudo se repete. Planos sequências e uma câmera estática, contemplando toda a solidão desse ser no meio de um conflito. O diretor também não teme em deixar a neve transparecer e a iluminação não ser exata, transformando toda essa escuridão em algo claustrofóbico.
O acompanhar dessas pessoas, acompanhados de um profundo silêncio, leva a uma reflexão do telespectador para sua própria condição de vida. Ao por o pretexto de um conflito armado (esse sem muita explicação e sem realmente necessidade disso), há um olhar dos horrores desse tipo de situação, como é demonstrado mais explicitamente no diálogo final entre os dois. O velho busca passar um ensinamento, mas não sabe bem qual, e o mais novo quer apenas descansar, fugir daquilo tudo. Enquanto a geração mais velha passa os ensinamentos de outras guerras, a atual procura apenas achar o caminho da vida. Afinal, se estivermos sós, nunca encontraremos sentido na existência. E é por isso que ela se baseia em experiências e conversas.
Nota: 4,5/5
- 14. Eleições
A ideia de fazer um documentário sobre as eleições em um grêmio de um colégio por si só já traz diversos questionamentos interessantes. Ainda mais no ano de 2018, quando a diretora Alice Riff resolveu botar essa ideia em prática e fez Eleições na Escola Estadual Doutor Alarico da Silveira, no centro de São Paulo.
Mais do que tudo, Riff se utiliza de uma narrativa até bem direta para falar sobre participação política, como em um dos momentos que um professor de sociologia pergunta o que é política, logo no início do longa. Esse traço, até um pouco analítico na juventude, não traz panoramas para o cenários políticos atuais, algo até impressionante para um debate sobre política em colégios e toda a relação de debate na sociedade do projeto Escola Sem Partido.
A cineasta se utiliza de pouquíssimas relações diretas dos personagens (os alunos), trazendo um olhar sem nenhuma inclinação para a situação presente. Se em alguns momentos ela prefere mostrar a descontração de uma chapa ao fazer os cartazes, em outros ela demonstra a importância de pessoas LGBT poderem discutir política dentro de um ambiente da escola. Aliás, Alice destaca muito o momento da votação em si, como um cargo máximo do direito da democracia, sempre em uma câmera distante, mesmo que em planos mais fechados – ela se utiliza muito de closes nesses instantes.
Mesmo faltando uma carga maior de detalhes e um entendimento sobre a vida dos estudantes e a relação para com a política, o filme elucida diversos detalhes de uma ideia de democracia a partir de um micro ambiente escolar. É mais importante ainda do que simplesmente entender como pensam adolescentes, mas para a importância do colégio no sentido crítico da sociedade.
Nota: 4/5
- 15. A Sombra do Pai
Após provar o diferencial do seu trabalho dentro dessa ressurreição do terror nacional com O Animal Cordial, a cineasta Gabriela Amaral Almeida chega com seu novo trabalho, buscando referência na estética do trabalho como forma de alienação para o terror. Esse conceito (explorado também no longa Trabalhar Cansa) se torna um fator primordial para uma criação de relações conturbadas e complexas, gerando a ideia do medo vir até pelo próprio conhecido dos personagens.
Gabriela traz toda essa ideia para sua história, que explora a relação conturbada de pai e filha, após a morte da mãe. Esse pai (Júlio Machado) vive quase como um zumbi em seu trabalho em uma construtora, algo salientado ainda mais pelos barulhos estonteantes da localidade e pela presença de um homem na qual só ele vê. Enquanto isso, sua filha (Nina Medeiros) absorve todos esses sentidos de sua figura paterna, explorando certos temores, além de uma facilitação ao sobrenatural – fato que se torna até cômico na obra.
Um papel de intermediação desse lado do real e do espiritual fica a cargo da tia (Luciana Paes), sempre tentando gerar uma maior amizade entre os dois acima citados. Porém, ela também vive suas preocupações pessoais, recorrendo a toda esse lado místico e ritualístico para poder conseguir o amor da sua vida. Novamente, isso, a priori, se torna cômico, mas vai assumindo um papel bizarro com o passar da narrativa.
O filme, no geral, consegue trabalhar diversos conceitos intrigantes sobre a ideia do medo humano de se tornar eternamente alienado. A construção dos personagens se torna um fator de bizarrice constante e o medo a nossa volta acaba sendo sempre contra os mesmos. É uma obra sobre receios, sobre os próprios terrores enfrentados (sejam ele luto, desemprego, entre outros), porém tomado forma como uma película sobre bruxaria e misticismo.
Nota: 4,5/5
- 16. A Casa que Jack Construiu
Nota: 4,5/5
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- 17. Se a Rua Beale Falasse
Nota: 3/5
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- 18. A Névoa Verde (The Green Fog)
Ao realizar uma obra sobre colagens de filmes buscando ao mesmo tempo homenagear um cinema clássico hollywoodiano e criticar a perda de essência da imagem nos filmes, os diretores Evan Johnson, Galen Johnson e Guy Maddin criam algo extremamente único. Para eles, o valor dessa forma de entretenimento e artístico está presente em seu estado de espírito, fato perdido recente, algo mostrado sempre nos poucos diálogos presentes.
A montagem (dos dois Johnson) gera momentos extremamente cômicos, pontuados a uma loucura narrativa. É um certo pensamento desse mesmo cinema clássico, como se fizesse uma grande referência para Serguei Eisenstein e Andrei Tarkovski e a essa arte se diferenciado pela montagem. Nesse primeiro quesito, o destaque deve ser feito para os hilários momentos de corte entre as conversas de filmes antigos, como se não existisse um certo valor naquilo, mas sim nas imagens em tela. Ele usa, dentro desse preceito, formação de novas ideias e sentidos para essas mesmas situações, sendo um experimento extremamente diferente dentro da forma de se fazer a sétima arte experimental. Já o segundo quesito é pontuado nas construções de alguns instantes específicos da obra, como os homens caindo do telhado, os carros andando pelas cidades. A edição faz questão de criar um certo sentido na continuidade das sequência, com objetivo sempre de gerar uma ironia no final de tudo.
É impossível também não destacar o ímpeto de criação interpretativo de cada sequência. Nada é tão simples e gera sempre entendimentos diferentes, tanto que algumas pessoas riam na sessão de momentos aonde outras faziam caras e bocas. Essa formação de um sentido pelas construções de momentos gera sempre uma nova ideia, porém sendo interrompida e perdida conforme o lado mais explícito do roteiro se mostra presente, com alguns diálogos desnecessários de serem postos em prática.
Nota: 4/5
- 19. Peterloo
Nota: 3,5/5
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- 20. A Valsa de Waldheim (The Waldheim Waltz)
É complexo analisar um documentário pela sua total essência e no momento político vivido no Brasil. O filme aqui, muito mais do que uma obra convencional, é um retrato de voz da diretora Ruth Beckermann, na qual parece que tentar durante a própria exibição, entender seu papel crítico e ao mesmo tempo factual. Retratar a vida de um político extremamente perigoso (Kurt Waldheim, ex-presidente da Aústria, aqui no caso) eleva ao patamar de absurdo toda uma história com extrema similaridade ao Brasil atual.
Beckermann utiliza de forma extremamente consciente as filmagens de arquivo. Ao mesmo tempo que ela crítica a persona de Waldheim, existe ainda um lado de dar espaço para o mesmo se explicar nas diversas entrevistas dadas ao longo da vida. É claro que a montagem gera um certo fator irônico nas explicações do homem – principalmente através dos cortes para falas da própria cineasta -, mas não deixa de ser um espaço, um retrato quase jornalístico crítico de sua pré-eleição.
É crível como a diretora constrói um medo crescente, algo disposto até no início, na cena aonde ela fala sobre as mãos e o sorriso do político. Essa construção de uma ideia de medo por essas questões físicas, cria uma figura ainda mais aterrorizante do disposto naturalmente. Em si, esse conceito constrói um filme totalmente disposto a abordar política sem medo de expressar um posicionamento, algo que deveria servir de inspiração para muitos.
Nota: 4,5/5
- 21. O Mau Exemplo de Cameron Post
Nota: 2,5/5
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- 22. O Ódio que Você Semeia
Nota: 4,5/5
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