Madame X e a nova face de Madonna
Madonna nunca deixou de ser a rainha do pop. Desde sua estreia na música, em 1983, com Madonna, ela já se reinventou das mais diversas formas, inclusive assumindo outras personas. Nesse meio tempo, ela se manteve atualizada, buscando sempre um contato bem próximo com os nomes da nova geração. Dessa maneira, a cantora soube mostrar seu talento podendo chegar em qualquer gênero e mesclando os mais diversos estilos. Seu pop mais bruto e padrão dos anos 80, agora assume novos trajetos e trajetórias. Suas músicas observam novos lados.
Em 2019, a artista chega com Madame X, um álbum que revigora os seus trejeitos já tradicionais. Madonna assume – novamente – uma nova personalidade, como o nome diz, a Madame X. Inclusive, a mesma diz sobre quem ela é, demonstrando traços dessa nova pessoa a partir de alguns momentos. Em “Dark Ballet”, por exemplo, ela revela ‘Eu posso me vestir como um garoto, eu posso me vestir como uma garota’. Os esteriótipos de gêneros parecem estar totalmente por fora desse novo momento da humanidade. É por isso que ela parece não estar em caminhos comuns, nas ruas e estradas dos Estados Unidos. Por isso, “Medelín”, sua parceria com Maluma, incia o CD. É sobre essa novidade do mundo, não mais comportadora de certas questões, que aborda esse trabalho.
É interessante o trabalho da musicalidade realizado aqui. A prióri, é possível perceber certas batidas mais tradicionais de sintetizadores, inclusive com o uso de instrumentos como guitarra e bateria. Contudo, a transformação da Madame assume novos jeitos e contornos conforme o álbum vai avançando. Em “God Control”, a artista realiza uma gigantesca mistura, colocando desde um coral até os famosos sons de rappers como Kendrick Lamar e Kanye West. Tudo isso para causar o grande clímax nas suas batidas pops mais características de baladas. E, mesclando a isso, trazendo um lado eletrônico bem forte na distorção de sua voz. É uma canção com a cara dessa nova fase de Madonna, mostrando uma gigantesca misturada comportada no mundo atualmente.
Todavia, aqui não há apenas espaço para trejeitos tradicionais. A cantora observa como o latino e as batidas de música africana tem causado grande repercussão mundialmente. Em “Batuka”, por exemplo, essas batidas fazem parte constante de todos os contornos da faixa. Ao trazer um lado mais repetitivo na letra – ‘É um longo dia’ -, ela busca essa transição meio mesclada do pop tradicional com o tambor mais clássicos. É uma espécie de experimento sendo trazido, quase gerando uma catarse. Inclusive, claramente parece uma canção saída da trilha sonora de um filme. Isso acaba fazendo parte constantemente de Madame X, como se uma história estivesse sendo desenrolada.
Isso ainda é consolidado com perfeição em “Faz Gostoso”, a participação da Anitta no trabalho. Muito especulada como seria, é impressionante a forma na qual a artista coloca quase um ritmo claro de funk. É, claramente, algo trazido para a balada. Madonna ainda tenta alguns pequenos versos em português, onde já havia também uma tentativa em “Extreme Occident”. Em algumas outras faixas, a tentativa é trazer o espanhol mais fortemente. Essa mistura só reforça o colocado anteriormente. É a demonstração de um novo período da música pelo mundo, em que Madonna parece sempre querer passar o bastão. Ela se mostra onipresente em estilo e letra.
Madame X parece se traduzir em mais um álbum completo por parte da cantora. Se havia dúvidas das possibilidades ainda de Madonna criar um dos grandes CD’s do ano, isso foi quebrado por terra. Simplesmente, pela inventividade musical proposta, temos em vista uma demonstração da grande quantidade de possibilidades nessa arte. Se muitos artistas ainda acabam escondendo por trás de um véu padronizado, a rainha do pop mostra sempre porque é impossível não arriscar. Em tempos cada vez mais complicados para divulgação e disputa de atenção nas mídias, é impressionante ver novidades assim. É apenas a demonstração mais clara possível que temos a maior artista do pop de todos os tempos ainda entre nós.