O Big Brother Brasil precisa mudar o quanto antes

Queria começar esse texto com fatos. O BBB é o maior reality show do Brasil e está entre os grandes de todo o mundo. O programa é pauta e também pauta as redes sociais e a sociedade. O Big Brother gera muitos milhões (até bilhões) em patrocínio para a Rede Globo e sustenta a emissora em boa parte do ano. Tudo que falei são verdades, até meio difíceis de serem engolidas para alguns. Contudo, uma verdade também precisa ser dita: o BBB precisa mudar. E a vitória de Amanda Meirelles na edição 23 do reality mostra isso de forma concreta, com dados e indicativos para a emissora.

Comecemos então pelo final. As duas últimas votações do game demonstram bem como boa parte da audiência parou de engajar com o programa. Enquanto a “semifinal” teve apenas 22 milhões de votos, a finalíssima amargurou 76,2 milhões, a pior dos últimos anos e que remete a uma fase mais “dark”, se podemos chamar assim, entre o 11 e o 17. A edição 18 conseguiu reviver a marca, algo que a 20 fez com que as pessoas voltassem a se interessar no Big Brother Brasil. Enquanto números baixos de audiência nos anos 2000 eram próximos de 40 na final, apenas a 18 viu essa média voltar a ser algo comemorado, com 33 pontos na grande São Paulo. Enquanto o BBB20 teve 34,2 e o BBB21 conseguiu 34,1, o BBB22 representou uma queda, em uma edição mais fraca, para 25,9. Contudo, o BBB23 foi afundo no recorde negativo: 19,4. Ao longo da edição, mais um negativo como média: 18,8.

Como comecei falando de fatos, é importante também relembrar que o público nunca esteve muito interessado na atual edição. Foram poucos os momentos de maior afinco, engajamento e participação popular. Os motivos podem ser vários, mas a Globo também não colaborou. Desde o início, a edição era sempre pior do que o dia a dia. Além disso, algumas grandes histórias, como a perseguição a Domitila Barros em quase metade do reality, pareceram ter sido renegadas.

O Big Brother Brasil tem outro fator para colocar culpa e tentar mudar: se tornou um programa engessado. Dinâmicas muito parecidas, sem grandes surpresas, votações para sair em que apenas uma torcida vai reinar e plantas vão ficando. É complicado. Acima de tudo, independente das histórias que forem acontecer nas próximas edições, a direção do programa precisa compreender que não pode ser óbvia a todo momento (o fato de termos uma temporada quase completa com provas bate e volta extremamente similares é um dos exemplos). Quando impede os participantes de estarem na zona de conforto, se consegue bons momentos, que vão repercutir e ficarão marcados. O BBB precisa entender que o público quer participar e não ficar esperando uma mesma coisa.

Por fim, impossível não citar situações raciais envolvendo os mais diversos participantes e que ficaram a ver navios. Como, próximo da reta final, a gritaria de Bruna de forma desproporcional com Cezar Black. O caso só foi levado para a edição no dia seguinte – essa que ainda teve a votação adiantada por causa de uma nova prova do líder. Além disso, grandes personagens, como Fred Nicácio e a própria Domitila foram apagados na edição em um protagonismo que aconteceu no dia a dia.

É complicado e as mudanças não são tão fáceis assim. Contudo, não se pode ficar no lugar. A edição 23 do reality shhow mostrou que tudo pareceu ter ficado parado, em um ano com boas histórias e bons participantes. O Big Brother Brasil não vai poder desperdiçar isso novamente. Até porque, em mais uma dessas, os fatos citados no começo do texto podem passar a não ser mais verdade. E a situação pode ficar cada vez mais complicada.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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