Resenha – Mordida (HQ)

Sarah Andersen se acostumou, ao longo de sua trajetória nos quadrinhos, a uma espécie de realização de tiras ambulante. Dessa forma, sempre fazia HQs rápidas, que não tinham uma narrativa por detrás, mas sim era um olhar cotidiano para os personagens. Esse elemento ficou bastante reconhecido em suas tiras sobre a vida adulta. Só que, se tem um olhar que pode ser bem trabalho em torno das piadas do dia a dia, é o do terror. E esse elemento é representado de forma central pela autora em Mordida, seu mais novo lançamento no Brasil.

Só que, enquanto nos outros trabalhos há um lado mais desprendido, aqui existe uma certa tentativa de seguir uma narrativa. É claro que ela não é exata, nem clara, já que também existe por conta dos diversos fragmentos de histórias. Mas junta, de forma bem divertida e criativa, o casal Elsie e Jimmy. A primeira é uma vampira que vive há muitos anos e nunca encontrou seu par perfeito. A relação com homens passa desde ela os acabar mordendo, até haver um distanciamento natural pela forma de vida. Enquanto isso, o segundo é um lobisomem que também nunca encontrou o amor da vida. Os dois acabam se conhecendo e juntando as personalidades e características monstruosas.

Não se pode esperar aqui qualquer debate super complexo para com a trama. A grande ideia de Andersen em Mordida é, justamente, buscar o elemento cotidiano novamente. Apesar da mudança de roupagem, os temas sobre amadurecimento, tentativa de encontrar alguém, buscas profissionais e mais, estão dentro da obra. Só que, a roupagem de uma ideia de terror, acaba sendo a busca mais cômica que o quadrinho aborda. Dessa maneira, há espaço para piadas sobre as formas de viver de cada um até o andamento do relacionamento de ambos.

Alguns podem até achar a ideia um tanto quanto repetida ao longo das páginas. Não dá para se negar que existe um elemento contínuo ali, que pode cansar alguns. Contudo, a grande busca diferente da autora nesse trabalho é realmente trazer um elemento do desenvolvimento desses personagens. Assim, o relacionamento não apenas acontece, mas ele passa por diversas situações. Jimmy, por exemplo tenta esconder em determinados instantes que possui uma namorada vampira, mas acaba tendo uma certa dificuldade em explicar certas instâncias. Do mesmo jeito, sair em casal pode apenas acontecer depois da noite, por conta da condição de Elsie.

Sarah Andersen serve bastante como um elemento mais leve para ser lido. Longe de buscar elementos narrativos mais complexos, a quadrinista está atrás em Mordida de realmente trazer diversão com os temas que ela sempre explorou. Ou seja, talvez não seja tão recomendado para aqueles que acabaram não curtindo as outras produções dela. Assim, aos que já se interessam ou que nunca a conheceram, é uma ótima – e diferente – porta de entrada. Defintivamente, na simplicidade, que a HQ acaba conquistando tanto.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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