Resenha – Will

Como descrever Will Smith? Um dos maiores nomes do mundo do entretenimento, que sempre soube dar um passo por vez. Ao mesmo tempo, também reconhecido como uma personalidade forte e complexa e que poderia ter feito tudo para dar errado. Tentando colocar sua história e trajetória a limpo, o astro de Hollywood lança essa autobiografia, com a ajuda do escritor Mark Manson, para tentar tirar do papel mitos e causar outros para o público que o ama. Mais do que apenas um ator e rapper, ele é também uma persona durante os últimos 25 anos pelo mundo. Ao fazer 50, é quase como se houvesse uma necessidade implícita de transportar os sentimentos e questões para as palavras.

A divisão de Will é bem trabalhada e clara. Iniciamos pela infância, o sucesso no mundo da música e o estopim para a TV e o cinema. Fica claro como a biografia aborda os sentimentos do ator de um ponto de vista bem aberto. Por exemplo, os problemas familiares são apontados claramente no início. O estranho relacionamento com o pai, as desavenças sobre a vida artística com a mãe e até mesmo a necessidade de ser bom a todo momento com a avó. Isso tudo consolidou uma personalidade muito forte, que desemboca nas diversas amizades que constrói nos primeiros anos de vida – especialmente até a formação do DJ Jazzy Jeff & the Fresh Prince.

O livro aborda as fragilidades das relações que tinha com o grupo para ir nas apresentações e, ao mesmo tempo, na transformação para uma estrela. Em certo sentido, as palavras do ator são até interessantes para descrever esse momento da vida de forma muito mais empolgada do que quando ele vira uma grande astro mundial. Isso fica claro na quantidade de detalhes posta em dois, três anos, e dos poucos trabalhados nos 10 anos seguintes. É como se fosse o própio período auge de vida e reconhecimento particular. Aliás, é um momento até mesmo curioso pela forma como ele aborda a saída de casa e o amadurecimento.

No entanto, se você vai atrás do desenvolvimento de Um Maluco no Pedaço ou até mesmo dos bastidores de alguns filmes, pode ficar decepcionado. Will até traz um relato divertido do momento em que ele é chamado para fazer o teste da série, na casa de Quincy Jones e sem nem ser avisado antecipadamente. Em relação à sua filmografia, o maior destaque fica com todo o desenvolvimento de Ali, em 2001, a cinebiografia de Muhammad Ali. É bem interessante como o ator se reconhece como uma figura menor para seus grandes ídolos, só que, ao mesmo tempo, também tenta se ver como um deles. Aliás, toda a relação com Nelson Madela é um capítulo a parte nessas páginas. Porém, tudo fica em uma grande superíficie, para o qual não tem muitos interesses de ir além disso.

É claro que a vida pessoal é a grande pauta da narrativa. Os três casamentos do artista, por exemplo, ganham imenso destaque, assim como os anseios perante a ter dois filhos de um relacionamento e um de outro. Como conseguir deixar a família unida e ninguém de fora? Como ser um bom pai para tantos? Esses são alguns dos pensamentos que a obra tenta responder. Apesar disso, esses períodos estão bem distantes de ser abertos e diretos. Smith não fala das acusações de abuso sexual ou até mesmo destrincha a relação com os filhos atualmente.

Will é uma bem desenvolvida biografia de uma das maiores personalidades de Hollywood. Longe de ser um livro perfeito ou até mesmo sincero com tudo que se propõe, mas é bem claro como o artista não busca passar a mão na cabeça dele mesmo a todo instante. De toda maneira, para os maiores fãs e curiosos, é uma obra indispensável. Ao mesmo tempo, não deixa de ser uma tentativa de Will Smith tentar ultrapassar fases tão conturbadas da vida.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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