Crítica – Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme

É fato esclarecido o sucesso histórico feito desde a década de 1990 de Hermanoteu na Terra de Godah. Produzido pela companhia de teatro Melhores do Mundo, eles conquistaram todo o país sempre com muita graça, dando destaque para essa peça mais famosa. Contudo, não é nada fácil conseguir transportar toda essa concepção para as telas do cinema. Até porque como conseguir pensar em todas as piadas e perspectivas que já foram repetidas eternamente em uma visão da sétima arte? Talvez esse tenha sido o maior desafio por parte da direção de Homero Olivetto em Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme.

Como era de se esperar, acompanhamos uma história extremamente parecida com o material original. Só que inicialmente não no passado, onde boa parte dos eventos se desenrolam, mas sim no presente, quando o novo papa toma conhecimento de um grande segredo de anos produzido na Igreja. É assim que iniciamos a ver a trajetória de vida complicada e perseguida de Hermanoteu (Ricardo Pipo), que vai atrás da Terra de Godah e começa a presenciar diversos eventos bíblicos e históricos cruciais.

Assim como no material original, boa parte da diversão aqui está centrada na dinâmica do protagonista com os personagens pelo qual passa. Pouco importante verdadeiramente um desenvolvimento mais dramático, por exemplo, já que acompanhamos uma narrativa gameficada, em que cada personagem está envolvido em uma “missão” diferente por parte de Hermanoteu. E, por óbvio, o trabalho mais marcante nesse sentido fica por conta das dinâmicas já recorrentes e conhecidas com o ator Welder Rodrigues – utilizado aqui a exaustão. É o grande ponto chave para as risadas dentro do longa por irem atrás do “a mais”, por assim dizer. Diferente de muitos momentos da peça que buscam uma certa calmaria, a produção aposta sempre no maior para tentar ser algo novo. O problema é que poucas vezes consegue.

Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme sabe, de fato, agradar um público que talvez esteja esperando uma grande repetição do que já se divertiu antes. Todavia, falta inventividade para Olivetto conseguir sair de um certo padrão estabelecido e até esperado. E, nesse sentido, ver a peça ou o filme pouco se diferencia, já que realmente parece não ter nem a intenção de serem um complemento um do outro, talvez. Até mesmo, em certos instantes, podemos nos confrontar com um material até pior, que não só fica em um padrão estabelecido, como até piora em certas situação mais “realistas” do ao vivo, como uma tirada fora do script.

Obviamente há boas intenções por parte dos realizadores em tentar trazer uma difusão ainda maior dessa narrativa. Contudo, Hermanoteu na Terra de Godah: O Filme já nasce fadado a comparações e funciona bem pouco se comparado com seu material original. Talvez esse tenha sido o maior problema: querer transportar essa história para uma outra mídia. Nem sempre essas ideias funcionam. E parecia totalmente claro como isso não teria muito efeito por aqui. Pior para quem realizou e talvez melhor para os fãs do trabalho original, que vão poder acompanhar em mais uma mídia. Só que, infelizmente, provavelmente se decepcionar. Foi o meu caso.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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