A Batalha de Winterfell foi realmente boa?

Spoilers do episódio 3 da 8ª temporada de Game of Thrones

Dentre os diversos momentos mais aguardados de Game of Thrones, certamente A Batalha de Winterfell era um deles. Não apenas por ser um dos grandes ápices dramáticos dessa última temporada, mas também para ser uma conclusão na história do Rei da Noite. Foi gerada uma expectativa absurda durante toda a semana, ainda mais com a informação de que seria a maior batalha da história do audiovisual. E não só em termos de megalomania na produção, mas também na duração(1h22min) nada chegou tão aproximado de uma escala desse tamanho. Porém, isso tudo realmente valeu a pena?

Bom, todo o início com a preparação – algo que dura cerca de 10 minutos – serve de forma a introduzir o sentimento da guerra. O plano longo inicial, em conjunto com o plano sequência no meio, ajudam a gerar essa ambientação e introduzir o espectador dentro daquilo tudo. A direção de Miguel Sapochnik, no entanto, já foi melhor. Sua geração de clima funciona absurdamente melhor na Batalha dos Bastardos, aonde ele coloca uma sequência com Jon podendo sentir o peso e perigos do confronto (com diversas possibilidades de morte aproximadas). Aqui, ele prefere manter a câmera mais afastada, trazendo um clima de névoa para a fotografia. Existe uma certa tratativa, todavia sem uma real funcionalidade. No fim das contas, parece mesmo impossível de assistir algumas cenas.

Agora, trazendo uma relação de efeitos do confronto, isso talvez tenha sido um dos grandes erros do episódio e do seriado como um todo. Houve uma construção durante 8 temporadas sobre o mal advindo do norte. O Rei da Noite representava uma ameaça, um medo real a ser combatido. Mas, suas consequências ao trazer os mortos a vida são praticamente nulas. As verdadeiras mortes são apenas de personagens terciários, buscando o efeito de Deus Ex-Machina a todo instante nos principais. São incontáveis minutos da possibilidade de matar Jon, Daenerys, Tyrion, Jaime, Brienne, dentre outros. Imagine uma morte para Arya no exato instante de seu ataque ao homem dos White Walkers. Acontecerem sacrifícios seria o ideal, ainda mais para o público perceber a magnitude daquela luta. Talvez o maior impacto tenha sido mesmo com Sor Jorah, entretanto ainda um personagem menor.

Aliás, é triste também como o Rei da Noite se mostrou bastante renegado. De um homem capaz de muito – algo inclusive mostrado aqui quando o dragão cospe fogo nele – e totalmente misterioso. Era agora o momento ideal para entendermos melhor suas motivações, objetivos, o que ele realmente representava. Diversas teorias foram criadas para simplesmente haver uma explicação de ir atrás de Bran para apagar a memória de Westeros. Concluir o arco desse homem possivelmente complexo a apenas falecer de maneira simples (mesmo a cena sendo bastante empolgante) é desdenhar da audiência. É não saber usar bem as possibilidades narrativas na qual Game of Thrones possui. Novamente, uma possibilidade perdida.

Dessa forma é possível perceber as poucas coisas boas trazidas aqui. Vamos, então, a elas. A primeira sem dúvidas são algumas sequências isoladas durante o episódio. A furtividade de Arya é um desses, em que finalmente é possível ver toda a sua característica de saber quase ser um ninguém. Algumas mortes também são interessantes, como o caso de Beric no meio do castelo. O clima de terror, inclusive, se estabelece muito bem aí, trazendo uma certa correlação meio divertida e meio tensa. De vez em quando, os dragões também trazem algo necessário ao capítulo. A segunda é, sem dúvidas, essa tensão crescente. Os segundos de quase morte trazem uma certa sensação desconforto a quem assiste. Mesmo não se resolvendo em soluções realmente imponentes (morte), acabam por ser deveras intrigantes ao longo dos 82 minutos.

Ao fim, o episódio The Long Night parece bem menos impactante do que prometido. Ainda assim, possui claramente alguns dos melhores instantes da série. Entretanto, soam sempre como pequenas resoluções no emaranhado de possibilidades perdidas. Falta um real impacto de uma batalha prometida durante todos esses anos. Nem os personagens relacionados ao longo de todo esse tempo com essa guerra parecem sentir o peso dela. A morte fácil do vilão só corroboram para mostrar o senso de perdido na qual os roteiristas estão. Falta um peso. Falta não ter medo. Falta ser Game of Thrones.

Comentários

Cláudio Gabriel

É apaixonado por cinema, séries, música, quadrinhos e qualquer elemento da cultura pop que o faça feliz. Seu maior sonho é ver o Senta Aí sendo reconhecido... e acha que isso está mais próximo do que se espera.

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